quarta-feira, 14 de março de 2012

A marcha da execução em massa:



Não se podia ver nada...
nada além de ruídos...
ruídos altos como gritos...
gritos proferidos no silêncio...
silêncio esse em que minha mente grita.

Grita palavras de peso, encadeadas de sujeira...
sujeira morta, podre e apagada em outros...
e os outros olham, sentem e fingem não ver...



Não se podia ver nada...
nada além de poluição e detritos...
detritos grandes como os sonhos...
sonhos deixados soltos no espaço...
espaço esse em que a podridão reina.

Reina a morte que afaga e acaricia os rostos...
rostos pálidos, apagados e sem expressão nenhuma...
e nenhuma pessoa sente... e se sente fingem não sentir.



Não se podia sentir nada...
nada além de dores...
dores fortes como se perdessem tudo o que existia...
existia um mundo, contaminado por doenças...
doenças terminais que corrompem as mentes e mutilam os corpos.

Sigam em frente,
Na marcha da execução....
Já não temos mais nada a perder.



Já não se podia fazer nada...
nada além de seguir ordens...
ordens que saíam das bocas mais imundas...
imundas, como o mais ínfimo dos objetos...
objetos lançados em voz, ordenando a manipulação em massa...
massa essa a que pertencemos...

Pertencemos a todo esse detalhe sórdido...
sórdidos somos, impuros, alienados e comandados...
comandados pela boca que despeja ilusões, manuseados pela mão que fere e corta.



Não se podia relutar aos medos...
medos que compunham o fundo dos olhos...
olhos que não ocultavam aquilo que a boca escondia...
escondia por orgulho, ou qualquer outra coisa utópica.....
utopia essa em que todos despejam os seus desejos...


Não se podia ter mais esperança nos homens...
homens malditos e vazios em fila...
fila de porcos, caminhando tontos em tropeços...
tropeços do corpo que reluziam o que era a mente...
mente essa que só carregava crenças e dessa vez...
até mesmo os descrentes suplicaram por piedade de um 'Deus...

'Deus esse que se existia dormia...
dormia e devaneava o seu sonho mais profundo.

Ou então jogava o seu mais preferido jogo:
Simulava a sua tão esperada marcha da execução em massa.


Depois da simulação decidiu fazer seus testes...
Tornar o seu sonho, realidade....

E ali depois do esperado, não restou nada...
nada além de corpos, fétidos e frívolos largados ao chão...


~~ Nada mais a declarar.