sábado, 21 de janeiro de 2012

Maldita Ignorância Humana:

Texto de 28/07/2011:



E mesmo estando cada vez mais só, eu tenho certo orgulho da existência que me ronda. Não dá minha existência, pois a mesma, vem de causas muito menos obvias do que simplesmente sexo. Quando digo que me orgulho da existência que tenho ao meu redor, digo que eu  deixei de querer adaptação.Tenho orgulho da existência dos meus pensamentos...
Poderia citar Descartes, ou até mesmo Nietzsche...
"Penso, logo existo. "   ...ou seria "Existo, logo penso"  ?

Os dilemas realmente me encantam. E ao relutar com o dilema de aprofundar-me e deixar-me afundar dentro dos meus sonhos, eu me pergunto em qual das hipóteses pensadas eu me deixaria  ficar submersa.

A porra, da verdade é que eu vivo submersa em várias dessas hipóteses. Como se não existisse para mim as mesmas verdades que estão postas aos "outros". O som que entra ao meu ouvido, não ocupa as mesmas lembranças que o som que entra em outros ouvidos. O meu coração não bate na mesma velocidade que os outros corações. O sentimentos que outros sentiram, eu sou incapaz de ditar uma reciprocidade, pois eu não sei se ao menos a intensidade foi a mesma. E sendo assim, qual a causa de pedirem tanto por igualdade sem nem ao menos podem aceitá-la?

Não aceita-se a igualdade e nem mesmo a diferença. Não aceita-se o amor e nem o ódio.  Não aceita-se a mentira e nem a verdade .Não aceita-se a opinião e nem o silêncio.  Não aceita-se a companhia e nem a solidão.  Não aceita-se nada que não tenha saído de dentro de si próprio.
Meus pensamentos formam o que eu sou. E eles são a única coisa que não podem tirar de mim, não podem modificar. E mesmo que julguem como arrogância, meu único desejo que luta todos os dias para não ser vencido e em que eu coloco toda a minha força, é o desejo de me manter sendo, agindo e pensando da minha maneira. Mesmo que o julguem como errado, eu não quero ser como os "outros", não quero que animem-se ou que desanimem-se com a minha verdade. E  não quero nem que a aceitem.

Meus pensamentos me pertencem, meus atos me pertencem, meus medos me pertencem.... Tudo o que eu sou e vou sendo, me pertence e por todos os dias apenas me pertencerão. Sendo assim, ninguém deve desejar mudar-me. Terão mais sucesso se apenas seguirem seus caminhos em paz.

Acreditam na verdade que não podem ver. E sentem aquilo que não podem descrever. A ilusão desposta frente as olhos, parece mais agradável do que a verdade visível.

Acredita-se naquilo que sai de si. E diz-se não existir o certo e nem o errado, mas ainda assim, reluta à verdade oposta a sua, ignorando o fato de estar salientando o "erro" do outro.
Não trata-se de erros, ou de acertos. Trata-se de viver em um mundo em que isola-se da própria existencia, achando que a está fixando.
A partir do momento que você deixa-se mudar, está anulando a própria existência para um bom convívio.
Sim, meu caro... tudo tem seu preço. Mas se o preço for anular-me, prefiro permanecer assim.

Vendem-se assim por tão pouco? Entregam o próprio individualismo por uma boa convivência com aqueles que em seus pensamentos vivem recebendo críticas...?

Teu preço é uma tolice.... teu destino é tornar-se apenas mais um robô, mais um igual.
E de que isso importa?  Qual a importância daquele que vive como os outros...?

Eu enxergo os defeitos como mais valiosos que as qualidades. Eles te formam, eles te diferenciam, eles te separam dos outros. E mesmo que crie dificuldades. Isso é resultante apenas da incapacidade humana de aceitar as diferenças.
Não é necessário ser igual para ser compreendido. Não é necessario pensar igual para ser aceito. Não é necessário viver igual para ter um bom convívio.
As opiniões podem ser contrapostas e ainda assim levaram a um senso.

Eu já cansei de escrever sobre os "outros" mas como é um pensamento meu, eu posso quebrar a promessa de não o fazer mais. Me incomoda, me enoja, me irrita... e enquanto permanecer me irritando, permanecerei me opondo.

Eu sou assim, sempre fui assim... e encare-o como queira, pois eu me recuso  a ser como aquilo que eu critico, me recuso a anular meu individualismo, me recuso a fazer o que não me é aceitável, para ser aceita.
E eu não me importo com a convivência social. Quanto mais o tempo passa, a solidão me parece cada vez mais atraente.

Sou chamada de misantrópica, ignorante, estúpida, arrogante, hostil, grosseira, fria, displicente.... etc
E pouco me importa os adjetivos que me são dados. Pedem a minha complacência... mas pouco me importam seus desejos.

Aqueles que tem pensamentos no mínimo parecidos com os meus e também estão andando ao meu lado. Compartilhando das conversas mais lúdicas e inteligentes que eu já pude ter.
Muito melhor do que as futilidades que eu respondo por educação(mesmo que a educação não seja aparente)

Os poucos com os quais tenho afinidade e afeto, são aqueles que enxergam e escutam, mas sabem calar. E são aqueles que dizem o que acham necessário. Expulsam as palavras mais grosseiras aos inúteis e assim como eu, pouco se importam com a aceitação da qual são excluídos.
Vivemos a nossa verdade e mesmo quando criticamos as outras, não tentamos mudá-las, por mais abomináveis e frívolas que sejam.

Eu não quero ser a correta. Pois eu odeio quem faz tudo correto sempre. Eu faço o que está ao meu alcance, para atender as minhas vontades, segundo aquilo que eu desejo... e não aquilo que desejam pra mim.
E a infimidade de tais desejos me é testada pela mesmo vontade que eu deixo de atender.

Quantas vezes eu calei e senti aquele aperto na minha garganta e as lágrimas formarem-se em meus olhos, de tanta vontade que as palavras tinham de escapar dos lábios. Mas permaneci calada. Poucos são aqueles que precisam saber das coisas.
E eu não sou de dizer o que está certo, ou o que está errado. Não está nos meus planos... já que eu nem ao menos os tenho.
Eu vivo a partir daquilo que me atrai, me agrada, me encanta. E eu reluto à aquilo que me irrita, me incomoda, me dá asco.

A sociedade é uma merda. Pisam nos próprios erros e/ou escondem-os debaixo do tapete. Mas se um resquício do erro alheio escapar, não perdem a chance de puxar o tapete dos outros e deixar os erros salientes, apenas para confortar os próprios desejos... e mostrar que os outros erram. Como se tudo o que fizessem fosse sempre certo.

Eu permanecerei só... cada vez mais só, porque eu já não quero mais as companhias como queria antes... e sei que com o tempo isso somente irá aumentar. Eu não quero piedade de ninguém, pelos problemas que carrego... e cada dia que passar eu desejarei ainda mais me afastar das pessoas....

Só me resta uma frase para a conclusão de tudo isso:
MALDITA IGNORÂNCIA HUMANA

 E nada mais a declarar.....

Nada Além disso





Palavras mergulhadas na mais profunda escuridão.
Palavras expulsas das mais podres bocas.
Palavras trajadas de medo, de morte, de sangue.
Palavras tortas, palavras sujas, palavras mortas...
... e nada além disso.

O medo sempre corrói os corpos que não se despem da própria fragilidade.
Toma posse, entrepassa-se por entre os dedos e segura-te a mão. Tomando-te depois por inteiro.

Agonia marcada e impregnada em cada célula de um corpo que já não parece mais ter vida.
Não anda mais, arrasta-se.
Não pensa mais, isolou-se da própria capacidade de estabelecer idéias e doxas.
Não sente mais nada, afastou-se das sensações, dos sentimentos, até mesmo dos medos. tentava ao menos acreditar nisso.

Sentou-se ao chão... no canto.
Acendeu seu cigarro e deixou-se abandonar à si mesmo. Como a criança que despede-se de um barquinho sobre a água.

Tristeza..... foi sem dúvidas o último sentimento que pode sentir. Pois deixou também que o medo de si próprio o dominasse. Tinha medo de ter, medo de ser, medo de ir...

Então parou.... estacionou seus sonhos de um passado em que tudo parecia ser normal.
Esqueceu-se... ou ao menos fingiu ter esquecido...
Alias, fingia sempre.... mentia sempre, acreditava em cada uma das mentiras que contava e sorria corrompido por uma sensação demasiadamente amarga.

As lágrimas formavam-se nos olhos. Mas ele não as deixava seguir seu caminho. Ele as prendia, como fazia com quase tudo em si.
Mas era o seu fim... ele havia decidido que seria o seu fim.
E por mais que não sentisse nada, sentiu por uma última vez as lágrimas escorrerem por seu rosto, pálido e atônito.

Palavras cantadas para conforta-lo da sensação de vazio...
Palavras trazidas, palavras cortantes, palavras fortes, palavras envenenadas...

Mergulhou mais uma vez na própria loucura. Sorria insanamente...
Enquanto ouvia diversas vozes sussurrando-te o que deveria fazer...
Enquanto perfurava à si próprio, fingindo mais uma vez não sentir dor.
Agonia presente no olhar.... mas escondida do corpo.

Tremia, encolhia-se e contorcia-se...
Dobrava-se, esticava-se e recolhia-se....
Nascia, renascia e morria...

Ali estavam o sangue, as vestes, as lágrimas....
Ali estavam os sentimentos recém apagados...
Ali estavam cada resquício do medo, da mentira, da amargura.

A lua cheia ainda brilhava no topo do céu.
E parecia sorrir para ele.
Enquanto seus olhos fechavam...  ele sorriu de volta para a lua.

Cumpriu sua própria vontade....
Matou aquilo que lhe assustava, que lhe amedrontava, que lhe incomodava..
Mentiu mais uma vez para si mesmo....
Mas foi assim que desejou.

As palavras se foram... e  voaram pra longe.
O sangue escorreu... e secou um pouco mais tarde.
As lágrimas confundiram-se com a chuva que tratava de lavar aqueles restos...
  ali restou apenas um corpo.....
....um corpo vazio....

E nada além disso.

Vigésimo Sétimo Encontro:




A sabedoria aparecia lúcida por entre a mente cheia de idéias vazias.
A monotonia fazia com que os dias parecessem se arrastar por entre os caminhos percorridos, fazia com que tudo fosse insípido, com que tudo fosse ignorado... desde as boas sensações à aquelas agonizantes, perturbadoras, gélidas e cortantes..

As vezes sabia disfarçar.... em outros momentos simplesmente chorava, gritava, quebrava os objetos que pareciam voar e grudar por entre seus dedos.. como se pedissem por um fim.

" - Deveria eu agir da mesma maneira. Adiar cada um dos momentos, excluir cada um dos instantes, adormecer de cada um dos dias, me afastar de cada uma das dores, abster-me de cada um dos sorrisos.... esquecer, dormir, morrer...

Tentava lembrar-se do azul do céu. Não lembrava-se de como eram os dias ensolorados e de imediato, pos-se a encarar a palidez da própria pele.
Sorria amargamente e sentia o sabor do sangue em seus lábios....

Rasgava pedaços da própria pele e sorria ainda mais, de modo cada vez mais insano...
Enlouquecia à medida que sua dor crescia....
Repetia nomes e nem ao menos se lembrava quais eram de pessoas que haviam passado por sua vida e quais eram de personagens que havia criado para tentar faze-la parecer mais interessante. Ou menos interessante.

Mencionava questões, dúvidas, pensamentos da mais porfunda insanidade, enquanto a dor parecia que estava cortando seu corpo ao meio.

Permecia sorrindo enquanto suas mãos movimentavam-se com rapidez. Encaixava a navalha entre o dedo anelar e o dedo médio,  passava-a na pele com força com raiva, com dor e sem medo.

O sangue escorria quente por sua  pele, que era da frieza mais intensa que  era possível para um ser em que o coração ainda podia bater.

Montava em sua mente os mapas do país inexistente que sua mente foi capaz de um dia criar. Pensava fortemente em seu nome, em seu cheiro, em sua ausencia de cor.
Gostava daquele lugar e estava forçando sua mente para manter-se imaginando-se lá.

" - Estranho. - Pensava enquanto diminuia a movimentação sequencial de sua mão esquerda em sua pele, rasgada em direções opostas.
Fitou o chão e com os pés riscou-o sem nem ao menos perceber oq fazia.

Sorria, sem abrir os olhos.
Pensava no quanto era criativo, em quantos enganou, pra quantos fingiu, pra quantas pessoas montou uma vida completamente adversa.
Aquele sorriso apagou-se do rosto.  Voltava a mensurar aquelas teorias bizarras que criava e organizava desde seus oito anos de idade.

Foi até a janela. Estendeu as mãos até seu maço de cigarro. Girou a caixinha de metal em mãos, olhando algumas palavas que estavam escritas ali. Não sabia o que estava escrito e nem o porque havia comprado aquilo.
Segurou um dos cigarros entre seus dedos. Acendeu-o entre os lábios e de uma primeira tragada sentindo intensemente a fumaça percorrer o caminho por dentro de seu corpo.

Novamente sorria.
Passou a lembrar de seus sete anos de idade. No primeiro gato que ganhou:


Seus olhos brilhavam encarando aquele gatinho negro. Havia tempos que pedia por ele.
Olhou para a sua mãe, abraçou-a e agradeceu pelo presente.
Virou de costas para ela e sentiu como se eu peito fosse invadido por uma sensação imensa de força. apertou o pequeno gatinho por entre seus dedos.. e levando os braços para trás em uma questão de poucos segundo, jogou o  animal na parede.


O sangue pastoso escorria por entre o cimento mal- alisado. O corpo  ainda com vida, retorcia-se deixando um som que parecia de pulmão corrompido voar pelo ar.
Sua mãe gritava enlouquecida, tampava os olhos.


O pequeno gatinho contorcia-se, dobrava-se e esticava-se, chorava, tremia e por fim, esticava-se e endurecia sem vida.


A mãe do também pequeno garoto, ia em sua direção, chorando lhe perguntava o porque daquilo.
Sorrindo o garoto respondia:
"- Eu queria fazer isso. Por isso pedi o gato."
Saia andando em direção a porta.
XxX

Saiu de seus devaneios e lembranças.
Seu cigarro havia acabado. Novamente esticou o braço e percebeu que a poça de sangue o havia seguido e pelo tamanho da mesma, percebeu também o quanto até as pequenas lembranças podiam prende-lo por longos momentos.

Lembrou-se agora da primeira garota com a qual havia se envolvido.

Como era doce.... e ao mesmo tempo obscura. Trazia o mistério mais profundo e louco que alguem poderia carregar.
Dizia as coisas mais estranhas para uma garota ou para qualquer pessoa dizer...
Era sociopata, era anti-social, tinha milhares de transtornos.... e carregava nada além de 16 anos.
Tinha os olhos do azul mais bonito que ele ja havia visto.
XxX

Pausou os pensamentos. Tragou o cigarro e sorriu.  Havia lembrado-se da cor do céu.

Voltou:
Ela tinha o cabelo do mais negro tom. Lembrou-se então da vigésima sétima noite que passaram juntos.
Não haviam se beijado nem uma vez, embora em diversos momentos paravam com os lábios à mínimos centímetros de distância.


Era uma noite chuvosa. E marcaram de se encontrar debaixo da árvore seca no cemitério.
Ao se encontrarem permaneceram com a mesma expressão, sentaram-se um de costas para o outro. Tovacam-se com a ponta dos dedos.


Lembravam-se do dia que haviam se conhecido... de como haviam se odiado por alguns segundos e após mergulharem no fundo do olhar do outro, haviam sentido algo estranho, que ambos definiram como  a descoberta de si mesmos.
Não sorriram. Apenas aproximaram-se e passaram a andar lado a lado.


Riam no vigésimo sétimo encontro. Deitados juntos na cama dela.  trocando crucifixos e tentando decidir quais iriam pendurar em seus pescoços para aquela noite.


Tomaram vinho.  E se encararam novamente para descobrirem um pouco mais sobre eles. E como um movimento que não fizesse parte de seus corpos, uniram os lábios num beijo que parecia até ser meio violento.


Após alguns segundos ela sorriu daquele jeito doce que conseguir expor somente para ele  e disse:
"- Bom... agora sabemos como somos hoje".
Ela inclinou-se e ele rapidamente tratou de capiturar-lhe os lábios e apertar-lhe um dos seios.


Com os lábios grudado aos dela, dessa vez ele sorriu. E como  se tivessem pressa, trataram de arrancar as roupas um do outro e unir também  todas as outras partes de seus corpos...
Ambos extremamente frios....
Sentiram as sensações mais entranhas. E ao fim daquilo, nús se olharam mais uma vez e juntos disseram que se amavam.
XxX

Voltou-se mais uma vez de seu devaneio. Abaixou sua calça e passou então a masturbar-se lembrando dos encontros seguintes com aquela garota.
Enlouquecia somente com as lembranças e em certos momentos deixava de movimentar-se por completo.

Parou com aquilo tudo. Fumou novamente um cigarro e ficou sentindo o vento frio pelo seu rosto.

Lembrou-se então da noite  anterior... das brigas, das discussões e de como a pele dela pode ser mais fria... de como ela sem vida ainda carregava a beleza mais forte que ele ja havia visto. De como o sangue dela escorrendo pelo seu corpo era nostálgico...
E de como matar aquela pessoa, que foi a única à qual pode amar, fez com que ele se sentisse mais forte e ao mesmo tempo mais fraco.

Foram exatos 27 dias após dez anos juntos. Ele olhou para ela rodopiando com seu longo vestido negro. Lembrou-se do seu pequeno gato negro...
E chegou bem perto dela, encostou seu lábios frios sem seu ouvidos:
" - Está linda. Hoje ainda mais do que ontem.
Passou suas mãos por cima do seu vestido, na região dos seios daquela mulher.


Ela o encarou de um jeito estranho.
"- Sabe o que te deixaria ainda mais bela?


Ficou um silêncio no ar por alguns segundos. Ela engasgou e respondeu negativamente.


Ele passou seus braços por entre a cintura dela, segurou-a, apertou-a e levou seus lábios até os ouvidos da moça:
-" Estar ainda mais fria.


Ela conhecia aquele homem. Compartilhavam da mesma loucura mas do que qualquer outra coisa. Ela estendeu suas mãos e entregou à ele a navalha afiada a poucos minutos e ergueu o pescoço.


Ele sorriu e sentiu um amor imenso por ela.
Sabia que não eram pessoas normais.... Nem havia como essa possibilidde ser real.
Então ele forçou-a e enterrou-a no pescoço da moça, ouvindi dela um engasgo ainda mais profundo e suas unhas apertarem seu braço... seu corpo debater-se... e após alguns segundos em que ele deixava-se sentar com ela no colo ninando-a ao som da canção favorita deles, sentiu-a amolencendo em seus braços e deixou-a no canto da parede.


Ria com a semelhança entre ela e seu gato.
XxX


Mais uma vez voltou de seu devaneio. pegou novamente a navalha.
Revirou-se em pensamentos obscuros e atormentadores.... Não sentia mais as coisas como antes..
Ajoelhou-se, xingou Deus por alguns segundos e xingou-se por sua visível hipocrisia nos segundos passados.

Esticou o braço e puxou aquele corpo, já meio azulado e ainda extremamente belo ao seu ver.
Deitou-se ao lado dela, e encaixou sua navalha por entre os dedos, frios, rígidos.
Seu rosto calmo, pareceu sorrir, ao segurar a navalha.
Ele soltou-a  nas mãos dela e fechou seu olhos...

Segurando os braços dela, colocou a navalha também em seu pescoço e procurou repetir com ele da mesma maneira que havia feito.
Cortou-a. Não debateu-se com ela, apenas caiu ao seu lado e nos últimos dos seus pensamentos clichês, pos-se  a encarara aqueles olhos azuis... agora como a noite.

Sentia a loucura corroer seu corpo e a  morte abraça-lo.
Não tinha mais força, não tinha mais vontade alguma... os olhos dela fecharam-se, delicadamente e os dele permaneceram abertos até o último movimento de seu coração.

Era o fim.... era o começo...
era o sabor que a maioria tem medo de experimentar...
era o fim de Paul, bem ao lado Marry.

Era o sonho, era a nostalgia, era a última realização...
era talvez a única verdade dos dois...

O fim pode parecer cuel as vezes....  Pode também parecer a única saída para medos, angústias e o vazio das vidas...
O fim não é nada além do término de tudo... O fim é o mais vazio de todas as coisas, é o abandono, é o adeus, é a amargura... é a doçura...

O fim para ambos, seria apenas o motivo de terem nascido...
O fim para eles foi apenas a sensação de prazer mais intenso que ja puderam sentir
.... depois do vigésimo sétimo encontro...

TPL





Carregando sensações que não conhece, vive disfarçando e fingindo conhecer....
vive maltratando e fingindo afeição...
vive colecionando sonhos  e fingindo crer em cada um deles....
e vive mentindo, fingindo acreditar que crê nas mentiras que conta.

Alma apodrecida em caminhos mal andados....
cortes afiados rasgando a pele, raiva, ódio, substâncias toxicas, medo, mentira, julgamentos, egoísmo, maldade, loucura, intensidade, vazio..
o calor e o frio...

Antes juntos, agora separados...
deixando apenas um corpo transparecer....

Um corpo que possui um coração que bate....
ora lento, ora rapidamente....
carregando também a inconstância para completar seus dias...

O coração agora batia tão devagar que parecia também mentir...
sentia-se morto, sentia-se sujo, sentia-se estranho, por parecer que já não podia sentir nada...

Estava a dias, sem perceber quando os sentimentos chegavam...
passava dias sem comer, sem se banhar, sem sair de cama....
E quando levantou, apenas ficou sentando, andando de um canto a outro, marcando sempre os mesmos passos.
quinze passos, entre os azulejos preto e branco.

O tédio marcava seus dias.... nada que fizesse parecia confortar e alegrar seu corpo....
Irritação, ódio, agressividade...

Carregava o amor que não dura  mais do que horas...

Seus sentimentos navegavam...
iam e se desejassem apareciam novamente....
e sem dizer adeus, ou avisar algo, sumiam novamente..

E mais uma vez restava apenas um corpo...
queria cortar-se, mutilar-se queria ver que existia mais uma mentira...
queria provar que podia sim, sentir algo...
queria que esse algo fosse a dor...

Já não sabia mais como agir...
lembrava-se de quantas pessoas foi capaz de fazer sorrir, de fazer ama-lo...
e das vezes que fodeu com o coração das mesmas..

não agia assim por que queria...
mas quando a reciprocidade o abençoava e aparecia, ele decidia agir do modo que achava correto...
cortando laços, sumindo sem deixar rastros...
entregando à aquelas pessoas alguma chance de elas serem felizes um dia....

Sabe que não existe alguem que poderá ser feliz ao seu lado..
sabe que não se deixará ser feliz...
quer dormir...
 mas não quer acordar..

quer que seus momentos durem.....
depois quer  que acabe logo....

Pessoas infelizes, psicopatas, sociopatas, anti-sociais...
pessoas que não rezam ao acordar.... não agradecem pelos seus dias...
pessoas que não agradecem aos fim de seus dias....
pessoas que ao fim de um dia agradavel, somente pedem para p dia seguinte, terem o mesmo humor, terem as mesmas sensacações...
raramente acontecem... mas são pessoas que el alguns momentos carregam um pouco de esperança....


Borderlines....
pessoas que vivem cada dia, sem planejamentos...
pessoas que vivem cada dia sem tentar beber, se drogar, se mutilar, amar....
pessoas que inventam personagens para a própria vida...
a passam a vida inteira, tentando destruí-los...

Mesmo sabendo que um deles... é verdadeiro....
quer matar todos....
não deixar restar nada....

Mascare-se e viva a lobotomia.

Apenas uma introdução aos conteúdos que serão apresentados aqui:


Enquanto as palavras são despejadas, os lábios que dançam não são comandados por uma mente lúcida.

Enquanto a diversificação das vontades, dos meios, dos fins, dos mundos, dos sonhos, dos medos.... enfim, enquanto as peculiaridades e autenticidades são ignoradas existem mentes que afundam num profundo oceano de desgosto e de presença insípida.

"Não há mais o que esperar de nós " - Retrucava calmamente e com um sorriso triste nos lábios aquele que compartilhava de pensamentos como este que apresento.

" Não há saída, se não uma adaptação" - Propôs o outro, enquanto a sua mente borbulhava em pensamentos  ferventes  e controversos.

"Trata-se de máscaras, mesmo que um indivíduo carregue um semblante frio, ou um semblante gentil, a sociedade pede por máscaras  escondidas em seus rostos.
Máscara que disfarce a indignação, que finja interesse, que proponha estar dentro de grupos sem finalidade, que demonstre vontade em realizar os métodos mais fúteis, que incluam também mentir, falsificar, enganar e por fim, ser apenas mais um entre todos."

Mas aí que vem o problema: não conseguiria nem considerar isto como uma hipótese para a minha vida. Não nasci para usar máscaras. Nasci para ser uma grande filha da puta e continuar criticando e contrapondo-me  sobre cada futilidade, cada mentira que as pessoas caem, cada enganação em que as elas ficam presas, cada palavra podre em que elas se pregam, cada frase sem sentido em que as pessoas acreditam, cada desejo vazio para qual as pessoas entregam suas vidas.

Eu não quero e me recuso a vestir essas máscaras que são vendidas a cada esquina.  E eu irei me recusar a ser um modelo de fantoche.
  É  nítido mais do que qualquer outra coisa, que a partir do momento em que sua máscara é vestida você anula a sua existência.

Como eu dizia ontem, em um assunto que pode ser enquadrado neste: " É uma forma de suicídio". Pode parecer algo simples, mas o caso é que as pessoas acreditam que sabem manipular, acreditam que podem entrar em um caminho e sair do mesmo quando desejarem.
Não é assim que as coisas funcionam, meu caro. Quisera eu, que fosse assim tão simples.  Cada atitude carrega um peso que em certas circunstâncias, é irreversível para a formação de um caráter.

É patético. De onde as pessoas tiraram que podem modificar o próprio caráter a cada segundo?
Como eu disse, você carrega o peso de seus atos e solta-lo sobre outra pessoa, ou abster-se dele, não vai retirá-lo de você. Pelo contrário, este peso continuará preso à você, e o foda da situação é que depois você joga algo por cima disso.... mas do contrário do que pensam, acumular esses pesos, não faz de você sábio, ou um intelectual, faz de você um ser ínfimo na sociedade, porque na real, o que mais existe são pessoas anulando a própria individualidade, retirando de si as próprias vontades para realizar os desejos alheios ou somente para fazer parte de um grupo qualquer.

Pode ter graça, mas como já foi dito: é irreversível.

Pode ser por medo ou realmente por uma procura de concordância, ou de coisas em comum, por um ideal que nem ao menos te pertence, por um pensamento que nem  foi analisado por meio das SUAS doxas. Pode ser até mesmo por alguma vontade própria de ser integrado e " fazer da sociedade uma só".

Bom... ( deixe-me usar da minha ironia e falar como a sociedade te usa) :

'Vamos, levante a sua bunda dessa cadeira e siga os outros, comente os assuntos da mídia, fale das vidas alheias, use e abuse dos sentimentos dos outros, engane para ter o que querem.
Quer uma vida como a dos outros, quer se divertir sempre?
Apenas imite o modo de vida das outras pessoas.'

Cara na boa... isso é ser superficial, isso é se deixar alienar. É  se deixar manipular e se deixar ser comandado e viver uma realidade absurdamente ilusória.
Se por acaso a vida que você escolheu é essa, siga em frente, porque pessoas de caráter não-moldado não se sentem tristes por ver pessoas alienadas, apenas lamentam e ignoram.


'Ande, continue seu caminho... vista sua máscara e sente-se para deixar a lobotomia prosseguir.... Não vai doer nadinha, te prometo. É  um processo diário que entra na sua mente e quando você menos perceber já estará dentro do 'grupo'.
Deixe seus pensamentos na porta, e pegue este, como o de 'todos' os outros.
Boa sorte daqui para frente, curta a sua vida sem sentido, sem moral e sem nada à acrescentar.'

Eu estarei aqui, olhando de longe e curtindo a minha controvérsia de não saber se vou rir ou se vou lamentar.
Não me anulo, não aceito e irei  contrapor-me até o fim, sem máscaras, sem lobotomia, sem alienação, sem medo e sem me esconder.

 E  o único lado bom disso tudo é saber que existem raridades, que existem outros que deixam as  suas verdades para quem quiser ver, para quem quiser criticar.  Vivem  suas vontades,  vivem seu ideal....
Estão quase extintos, mas saber que a extinção ainda não é total... é como um apoio que não me deixa sentir-me assim tão vazia.

Sinto falta das peculiaridades.

Nada mais a declarar.