sábado, 21 de janeiro de 2012

Nada Além disso





Palavras mergulhadas na mais profunda escuridão.
Palavras expulsas das mais podres bocas.
Palavras trajadas de medo, de morte, de sangue.
Palavras tortas, palavras sujas, palavras mortas...
... e nada além disso.

O medo sempre corrói os corpos que não se despem da própria fragilidade.
Toma posse, entrepassa-se por entre os dedos e segura-te a mão. Tomando-te depois por inteiro.

Agonia marcada e impregnada em cada célula de um corpo que já não parece mais ter vida.
Não anda mais, arrasta-se.
Não pensa mais, isolou-se da própria capacidade de estabelecer idéias e doxas.
Não sente mais nada, afastou-se das sensações, dos sentimentos, até mesmo dos medos. tentava ao menos acreditar nisso.

Sentou-se ao chão... no canto.
Acendeu seu cigarro e deixou-se abandonar à si mesmo. Como a criança que despede-se de um barquinho sobre a água.

Tristeza..... foi sem dúvidas o último sentimento que pode sentir. Pois deixou também que o medo de si próprio o dominasse. Tinha medo de ter, medo de ser, medo de ir...

Então parou.... estacionou seus sonhos de um passado em que tudo parecia ser normal.
Esqueceu-se... ou ao menos fingiu ter esquecido...
Alias, fingia sempre.... mentia sempre, acreditava em cada uma das mentiras que contava e sorria corrompido por uma sensação demasiadamente amarga.

As lágrimas formavam-se nos olhos. Mas ele não as deixava seguir seu caminho. Ele as prendia, como fazia com quase tudo em si.
Mas era o seu fim... ele havia decidido que seria o seu fim.
E por mais que não sentisse nada, sentiu por uma última vez as lágrimas escorrerem por seu rosto, pálido e atônito.

Palavras cantadas para conforta-lo da sensação de vazio...
Palavras trazidas, palavras cortantes, palavras fortes, palavras envenenadas...

Mergulhou mais uma vez na própria loucura. Sorria insanamente...
Enquanto ouvia diversas vozes sussurrando-te o que deveria fazer...
Enquanto perfurava à si próprio, fingindo mais uma vez não sentir dor.
Agonia presente no olhar.... mas escondida do corpo.

Tremia, encolhia-se e contorcia-se...
Dobrava-se, esticava-se e recolhia-se....
Nascia, renascia e morria...

Ali estavam o sangue, as vestes, as lágrimas....
Ali estavam os sentimentos recém apagados...
Ali estavam cada resquício do medo, da mentira, da amargura.

A lua cheia ainda brilhava no topo do céu.
E parecia sorrir para ele.
Enquanto seus olhos fechavam...  ele sorriu de volta para a lua.

Cumpriu sua própria vontade....
Matou aquilo que lhe assustava, que lhe amedrontava, que lhe incomodava..
Mentiu mais uma vez para si mesmo....
Mas foi assim que desejou.

As palavras se foram... e  voaram pra longe.
O sangue escorreu... e secou um pouco mais tarde.
As lágrimas confundiram-se com a chuva que tratava de lavar aqueles restos...
  ali restou apenas um corpo.....
....um corpo vazio....

E nada além disso.

Um comentário:

  1. Concordo plenamente, não só bodeerlines andam perdidos também com a "suscetibilidade" e imaginação criativa "impropria" para ser incluído nos grupos sociais... como os próprios "normais" são mais escrotos... Eles rotulam pessoas que são diferentes e dão nomes para síndromes e distúrbios da mente,assim podendo excluir o "esquizofrênico", bipolar e etc...
    Eles mesmos se enganam, vivendo uma vida que não são originais nem de si próprios, cujo o proposito é apenas ser "aceito" e "bem visto" Falsos valores e moralistas,pessoas são nojentas, vivem uma vida que não são delas, não vivem seu proposito e reprimem seus próprios sentimentos para não parecer "fraco" ou de repente "estranho" sem expressar apenas se mascarando, e dizendo que os mascarados somos nós...

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