terça-feira, 12 de junho de 2012

A flor.


(...)
Uma flor com pétalas já murchas havia sido deixada sobre a mesa;

A cor da flor já havia desbotado. E eu nem ao menos sabia que flor era aquela...
Mas sabia quem a havia deixado ali. Bem ao lado do meu maço de cigarros favorito. Em torno do maço de cor vermelha, havia uma fita de um tom escuro amarrada. 
Já a flor, estava ali, simplesmente largada. Como se o cigarro tivesse sido dado como mais importante. 

Segurei-a em mãos e uma das pétalas caiu por sobre o meu sapato. 
Olhei para eles. Um coturno velho com uma fita de cetim cor de vinho, usada no lugar do cadarço. A pétala continuou ali parada sobre o bico do coturno.

Estendi as minhas mãos e vagarosamente retirei a fita que envolvia o maço de cigarros, afastando o pó que pairava por sobre o mesmo. 

Fazia pouco mais de uma semana que eu não voltava pra casa. Então retirei um cigarro e o acendi enquanto com a flor ainda em mãos andei pela casa, com esperança de encontrar algo a mais, alguém a  mais. 
Nesse dia o silêncio não me era atraente. Mais a noite ainda era.

Saí da casa. Coloquei o restante do maço no bolso da jaqueta que vestia e com a flor ainda em mãos saí pela rua, andando em linha reta.
Parando em frente a um portão deixei delicadamente a flor do outro lado, passando com os dedos entre as camadas de metal que separavam aquele muro. Estendi os braços ao topo e pulei aquele muro. Já do outro abaixei-me peguei aquela flor, que agora havia quebrado no seu caule.

Continuei andando em linha reta. Vendo as fotos nas lápides, lendo os nomes nos ossários. Joguei o cigarro acabado ao chão. Pisei nele e dei mais alguns passos em tropeços até por fim, sentar-me sobre uma das lápides.
E como era bonito aquele tom de cinza escuro que a compunha. Como era bonita a foto que tinha no canto, como gostava do nome que havia escrito debaixo daquela fotografia.

Repeti por algumas vezes aquele nome. Sorrindo enquanto beijava delicadamente aquele flor, aspirando o aroma adocicado da mesma.
Olhei mais uma vez para a foto e estendi o braço, deixando repousar a flor ao lado do nome.

Eu não chorei. Não aquele dia. 
havia um mundo muito melhor do que aquele em que eu andava. Havia sentimentos muito melhores do que aqueles que eu sentia. Mas não haviam lembranças melhores do que aquelas que eu me recordava.
Podia sentir nos lábios ainda o sabor...

E eu então com uma das pétalas ainda em mãos eu pulei novamente o muro. Saí na rua e em linha reta voltei pelo mesmo caminho. Cambaleando ainda mais e ainda com aquele nome em mente. Retirei do bolso aquela fita que desamarrei do maço. Tratei de amarra-la em meu pescoço, junto ao colar que a tanto tempo eu carregava. Abri o pingente redondo do meu colar e la dentro coloquei a pétala.

Passei direto pela casa. Olhava para o chão, as vezes para a lua....

E eu ainda sorria. 
No final daquela rua, havia um cemitério. e no sentido em que eu ia, havia uma ponte. Pulei dessa vez a grade da ponte. Sentei-me sobre o ferro de tom avermelhado e enferrujado. Olhei para a água turva que ficava bem la em baixo. 

Deixei-me escorregar.
Havia um mundo muito melhor do que esse em que eu vivia. Havia sentimentos muito mais fortes enterrados. Mas não havia nada que pudesse fazer-me esquecê-los ou aprender a conviver com eles. 
Podia sentir no peito ainda a sensação...

No final daquela ponte a água movimentava-se vagarosamente...
eu segurava com as mãos o colar. Eu fechava meus olhos.

...Eu ainda sorria. 
...E eu ainda caía...

E aquela flor, murcharia ainda mais...



~~Inoue Yu 

Reflexos da loucura na mente gritante.


Hoje estou seca, áspera. Estou grosseira, querendo mandar todo mundo se foder.

...Silêncio...

- " Cale a porra da tua boca e escute o silêncio."

Pois é...
Não se escuta nem mesmo o que se diz.  Daí os tantos equívocos.

Pareço na grande maioria do tempo uma velha, dessas que reclamam da insônia, mas também reclamam quando dormiram demais. Reclamam de ter que comer comida amanhecida, mas também reclamam de ter que preparar um novo jantar. Se queixam da carência repentina e também deixam-se reclamar das pessoas que tem seu redor.

Os momentos são insípidos sabe... mas ainda assim no fundo, pode-se sentir um sabor mesmo que leve de amargura.

As pessoas realmente me irritam. Me enojam, me apodrecem e destroem. O lado bom é que sou relutante a tudo isso e que meu transtorno faz de mim o grande e o pequeno, o forte e o fraco, o frio e o quente... enfim, faz de mim aquela pessoa pronta a encarar sempre os dois lados, sentir sempre os dois pontos...

As pessoas também me encantam. Me cativam, me renovam e me criam. O lado bom é que eu tenho na minha mente uma confusão tão grande, que faço de mim um rascunho infinito de possibilidades e hipóteses.

Bem, mas nem é disso que eu quero falar. As palavras sempre escapam e me fazem perder o foco. Novamente estou transbordando...

Bem, este texto nada mais é do que um simples desabafo ideológico, composto de certa revolta, conquistada após uma noite mal dormida.

Hoje acordei de saco cheio de tudo. (ta, isso nem é novidade vindo de mim, mas na grande maioria das vezes eu tento não escrever sobre essas porcarias que me revoltam) São tantas coisas que formam o vazio e isso é realmente uma adversidade interessante.

Descobrir algo tão simples.... pode gerar numa mente como a minha ainda mais confusões...
O vazio é tão cheio e ao mesmo tempo tão encantador.

Eu sou a estranha de tudo isso. E sou também a grande filha da puta que não vai nunca tentar se adaptar e aí está provavelmente o resultado da minha constante infelicidade. Observar a decadência interminável realmente causa um descontentamento enorme.
Enxergar que a grande maioria não sabe se fazer feliz, não sabe ser boa companhia pra si mesmo, não sabe nem definir-se ou completar-se (sim, esse texto é ainda um complemento do pensamento relativo ao texto anterior) e ainda assim querem acreditar que existe no mundo alguém capaz de completa-los .

Novamente eu lhes pergunto: " O que vocês estão fazendo aqui? "
Procurando as suas metades?...
(... ilusória)

Eu ainda perco o meu tempo (que dizer que é precioso seria mentira), tentando compreender e aceitar a maldita ignorância e rispidez FORÇADA  da grande maioria.

"EU , não sou tola".
Observo as infinidades que posso encontrar até dentro do silêncio, imagina  que encontro no tom de uma voz....
Imagina o que encontro no fundo de um olhar, no simples ato de observar a analisar ao fundo aqueles que dizem conhecer-se por completo.
(... tolice)

Eu  possuo uma chatice sem limites. Detesto quem tenta roubar-me as particularidades, quem tenta forçar as intimidades (não, eu não estou falando de sexo) e por fim, detesto quem acha que é fácil entender o se passa na minha mente.
Não sou diferente da grande maioria se retirar de mim os meus transtornos, minha mente inquietante, meus pensamentos arredios, meu jeito patético, egocêntrico e egoísta.
Mas sou diferente de todos aqueles, simplesmente por que são desprovidos da racionalidade. E prestem bem atenção, racionalidade forçada é enxergada por qualquer um que tem o mínimo de atenção.

O desespero fica nítido no olhar daqueles que tentam esconder seu emocional, trancando-os aonde qualquer ser como eu, posso acha-los, tão fácil como podem questionar milhares de vezes os atos corriqueiros e mundanos.

Eu nunca forço atitudes. Eu nunca barro pensamentos, nunca seguro palavras ( a menos que ache que a pessoa não entenderia nada e que não tenho necessidade de tentar explicar ou receber algo dela). Eu já percebi que a grande maioria contenta-se com o vazio que tem em si.

Eu não me contento quando estou vazia. Eu procuro encher-me e sempre deixo-me transbordar.
Mas nunca conseguirei aguentar por muito tempo uma convivência com aqueles que barram e que abusam da boa vontade que por algumas vezes tenho.

Eu me calo, na grande maioria das vezes. Me deixo mover a cabeça positivamente, enquanto o que eu queria era simplesmente sumir e deixa-los falando sozinhos...
Enfim, já está me voltando aquela vontade de me trancar no quarto e mandar todo mundo sumir da minha frente.

(Blaaaaahhhh '-' ----- Nem sei como ainda conseguem ler essas coisas loucas que escrevo.)

Mas enfim...
Minha mente é isso. Eu sou isso.

Não quero nada além das intensidades que conseguir capturar. Não quero nada além de ter minhas particularidades respeitadas assim como meus limites.
Não tenho e nunca terei pena daqueles que deixo chegar mais perto. E isso também está junto com o fator de expulsa-los de mim.

Pessoas que vivem com essa racionalidade o tempo todo, só querem sentir quando seu emocional pulsa um pouco.
Pessoas que vivem com esse emocional o tempo todo, só querem retirar de si a vontade de ser racional, misturado com a infelicidade de saber que não conseguem.

Parece que tudo foi trocado... chega a ser engraçado.

Sou uma velha chata, careta e fria, presa dentro desse corpo. Que posso fazer?
Seguir adiante é a única saída já que eliminei de mim ( pelo menos por hora ) alguns pensamentos malucos relacionados a "válvula de escape" ( se é que me entendem).

Sempre terá algo a sobrar e respectivamente algo a faltar. Se não sabe lidar com isso, não entre nisso. E por mais vazios que sejam, não são burros, só tem preguiça de pensar.

Eu sou em algumas vezes o cúmulo da preguiça humana, mas preguiça de pensar é algo que eu não tenho. Tem horas que eu até queria me " desligar " um pouco.
Até porque minha mente é hiperativa assim como meu corpo. 'LOL'

As vezes sinto saudade do tempo em que eu não tinha meus remédios e podia sair socando todos aqueles que me irritavam. Podia arrancar sangue, impiedosamente daquelas vadiazinhas que chegavam muito perto.
Bem, os tempos agora são outros. Não tenho mais oito anos de idade. Não tenho mais aquele tempo. (...Infelizmente.)

Minha frieza faz parte de mim, assim como a minha rispidez. Meu olhar distante sempre estará presente, assim como aquele fixo. Minhas mão frias, sempre estarão dispostas ao toque, assim como as vezes eu não irei querer nem pensar em contato físico.
Pensar e tentar agir comigo comparando-me com os outros que conviveram é e sempre será um erro. E dizer que eu quero isso é uma mentira.

Eu não quero que ninguém adapte-se à mim. Como disse, quero somente que calem a boca e aguentem enquanto quiserem aguentar.

As pessoas não sabem fazer isso. Mas eu também tenho ilusões....

XxX
Ainda sonho com as ruínas em que ando sem rumo e quando acordo, queria ficar por lá. Sou só eu e as vezes algumas pessoas que nunca vi na vida.
Lá é tão vazio e silencioso. Tem cheiro de sangue, de morte e de mar.
Eu gosto daquele lugar, realmente gosto....
XxX


Voltando:
Parece que eu me droguei hoje? (eu não quero respostas u.u' )
E avisando, eu não usei. Minha mente continua gritando. Mas sem problemas, eu aceito a minha loucura.
Postarei um outro texto acima desse, para amenizar a loucura e a confusão dessas palavras.

Ah e  antes que eu me esqueça:
----> Fodam-se todos vocês. <----

É isso. E só isso...

Nada mais a declarar.


~~Inoue Yu

http://www.youtube.com/watch?v=fg-IsotQL-A


quarta-feira, 6 de junho de 2012

A completude somos nós que criamos:


(...)Pensava na existência de completar-se em seu interior...

Será que é possível a existência de um sentimento voltado á si mesmo? Criado para si mesmo? Formado pra fazer de si, uma espécie de artifício para deixar e cobrar do mundo as ideologias tantas que talvez façam falta?
E eu digo que SIM  para qualquer uma dessas questões.

O que faz o ser humano completo é simplesmente o que ele faz de si mesmo. O que ele quer de si mesmo, o que pede de si mesmo e principalmente o que quer de si mesmo.
Falemos novamente da questão constante: OBJETIVO.

Alguma vez antes pensou em algum para si? Não existe certo ou errado. Existem ilusões mas não há o que se preocupar com estas, porque objetivos ilusórios, mais cedo ou mais tarde despencam, dissipam, são esquecidos e por fim, morrem.
Alguns tem como objetivo o crescimento financeiro, outros a busca por um amor verdadeiro, alguns porém querem da vida simplesmente a independência, outros a companhia. Enfim.. pouco importa qual seja seu objetivo. O que importa é ter um. É conhecê-lo, é empenhar-se a cumpri-lo, porque isso, meus caros... não é um parque de diversões. A vida não é exemplificada somente pela questão obvia de que fomos 'concedidos após o sexo e aqui estamos sem causa de ser e  de estar.

Não acredito em causas vazias, nem mesmo quando o vazio me consumia/consome. O vazio sempre possui dentro de si algo a ser descoberto;

Agora voltemos ao pensamento inicial:
- O que te faz?
- O que te faz completo?
- O que você sente?
- O que realmente são os seus sentimentos e qual a importância que você aplica a ele?

Perguntas corriqueiras, comuns, diárias e sem nenhuma reflexão envolvida. Mas eu busco a reflexão sempre e aqui a instalo da seguinte forma:
O empirismo sempre me parecerá mais "atraente". Então devo dizer que não acredito nos pensamentos e na origem dos sentimentos humanos gerados por outro. Pode até ser alimentado, mas não gerado. E é esse o ponto que quero salientar.

Nós criamos as nossas paranoias. Nós formamos a nossa loucura diária. Nós fazemos de nós o que somos e basta que queiramos para modificar atos, imagens, pensamentos, teorias, formações ideológicas e até mesmo o estilo de vida.

Tudo o que temos e somos, separando-se inevitavelmente as experiências e criações mentais, de tudo aquilo que nos foi passado hierarquicamente e educacionalmente, por pais, ou seja lá quem nos educou e implantou exemplarmente.
As citadas experiências e criações mentais, são resultado do silêncio, das observações, das reflexões, das leituras, da busca por conhecimento e em casos mais raros do simples ato de fazer de uma observação, uma teoria que mais tarde, será colocada em prática num estilo particular.

Existem ainda as mentes geniais. E isso é o que faz ainda sobrar um suspiro aliviado misturado com o descontentamento em pensar no total inverso dessa raridade.
A insanidade de uma mente "estranha" sempre gera as reflexões mais lúdicas e ao mesmo tempo, consequentemente as mais incríveis, espontâneas e cheias da particularidade do seu criador.

São compostos de uma mente inquieta, curiosa e diferente das demais. É uma mente que não se deixa contentar com as ideias prontas e falhas que a sociedade implica. Não se deixa engolir ameaçar e nem opiniões baratas. Não se deixa aceitar um estilo alienado e manipulado. Uma mente encarada como desprovida de bom senso.
Rebelde algumas vezes, Violenta em outras. Amarga na grande maioria de suas concepções, considerando o fato de que essas mentes enxergam tudo em seu interior, em sua completude oculta.

O fato é que, tudo o que nos forma nos é dado como uma amostra grátis aos interessados em compartilhar.No que estamos predispostos a entregar e dividir.

Ninguém faz a felicidade do outro. Ninguém faz a tristeza ou gera as lágrimas do outro.
É a  nossa visão da realidade que nos mostra como agir e pensar e a partir daí, criamos nossas reações e doxas. E estas são mais partes fragmentados do interior próprio.

Quero deixar claro e explícito: Você não é o que você come. Você é o que você cria. Você é o que você pensa, é o que você forma, é o que você aplica diariamente como conhecimentos práticos.

Somos o que nos deixamos ser. Sentimos o que nos deixamos sentir. Porque essa ideia de que é incontrolável é desculpa de mentes frágeis.
Não precisa mentir e aplicar essa estória fraca de que não conseguiu controlar os próprios sentidos, os próprios sentimentos. Se você sentiu, é porque uma hora ou outra (mesmo que não assuma isso), achou a ideia plausível a deixou-se sentir.
Não existe definitivamente um sentimento que apareça do nada sem que você saiba que sente. Você deixou-se criar ou deixou alguém alimentá-lo e isso ser inconsciente também é outra mentira que criam para si mesmo.
Então não se esqueçam mais uma vez: se você é o que você cria e pensa, é melhor não mentir para si mesmo.

Temos uma imensidade incrível dentro de nos mesmos. Temos capacidades assustadoras de criar hipóteses, de formar teorias, imaginar ideologias, fragmentar o passado e complementar uma ideia do que queremos do futuro.
Não nos deixemos cair nessas ideias baratas que simplesmente fazem de nós seres vazios, por simplesmente ignorar a nossa capacidade de pesquisar a fundo e da origem, descobrir também o porque daquilo estar inserido em si.

Não se trata de nada mais do que escolhas.
Não se trata de nada mais do que uma auto- análise.
Não se trata de nada mais do que o auto-conhecimento pleno.
E principalmente da desfragmentação das mentiras que você mesmo cria para a sua vida e aplica nos seus dias.

Não existe essa necessidade de ser passivo. Nem consigo mesmo. Deve lutar e relutar contra aquilo que te gera dúvidas até atingir a certeza do que acha e do que quer. Para por fim se abster de tudo aquilo que se deixou aceitar em momentos de inconsciência.

Tudo isso parte da ideia do objetivo próprio.

Eu sou o que eu penso.
Assim mesmo, confusa, louca, estranha e transbordante em inconstâncias submergindo entre certezas aceitas e dúvidas em processo de solução.

Sendo niilista de tudo, pois possuo a infinidade necessária para criar-me e refazer-me da maneira que realmente julgo correta.


Não me regro e nem me barro as particularidades. Aprecio-as como mais ninguém o faz.
Talvez seja por isso que aprendi a ser uma boa companhia para mim mesma. Aprendi a ser amante dos meus pensamentos.

Não se trata e nunca vai se tratar do ser humano como um todo. Não sou adepta da alienação como devem saber. Sou a favor e vivo a valorização do ser humano originalmente como um ser isolado.
Mentes iguais não trabalham em perfeito estado, como se pensa. Elas conflitam-se o tempo todo e o motivo disso tudo é simplesmente as milhares de mentiras engolidas diariamente.
E tudo isso por ignorar aquilo que nunca os abandona.
Valoriza-te no que te forma.
Entrega-te ao que tu cria.
Forma-te no particular que te gera.

Assim, deixa-te ser feliz nas imensidades que as suas criações e loucuras próprias são capazes de montar.
Deixa-te fazer de si o instrumento básico para a aceitação total de tudo aquilo que um dia ficou desentendido.

Faça-te e assim como disse Nietzsche:

"Torna-te quem tu és " .

(...) Na plenitude que só existe em ti.






~~ Inoue Yuki

Apenas ouça: http://www.youtube.com/watch?v=TMR437sA4kk



sábado, 26 de maio de 2012

Transbordar de si


(...)

O que você vê?

 Os olhos que deixam reluzir a beleza da essência agora parecem somente procurar aquilo que existe ocultando-se com todas as outras coisas que ainda são desconhecidas.

 Dúvida...

 O que você é?
 Da cabeça aos pés, entre físico e mental. Olhando e encarando cada ponto de um corpo que mal se movimenta.

 Não tem mais o que dizer. Só vive quem quer viver.

" Sou mais do que esse casulo mostra.  E  não premedito o que irá transbordar, por fim...
Sempre tem algo que sobra, sempre tem algo que falta....
Enfim, tanto faz..."

 Os olhos cintilavam quando alguma luz batia neles. Os cabelos ainda cobriam o rosto e ela parecia sentir-se confortada atrás daqueles fios. Parecia acreditar que estava escondida de tudo o que não via. E assim, fechava os seus olhos e simplesmente permitia-se sentir.
 Havia mais ali dentro do que até ela mesma conhecia. O som que seus lábios produziam com a voz levemente rouca, proferia as palavras doces e tristes que faziam-a recordar de um passado não muito feliz, fazia sentir saudade de um futuro não muito distante. E os sonhos permaneciam sendo formados. Montados fio a fio por cada gota de insanidade que derramavam daquele ser.

 Errar não era um medo. Calar não era por falta de palavras. E mesmo sabendo onde pisar, deixou-se tropeçar diversas vezes, forçou a própria queda, por várias outras e assim, decidiu que talvez quisesse somente poder voar.
 Os caminhos estavam traçados, montados, desenhados e gravados naquela mente. Mas ela conhece o quanto é subversiva. E  sabe também que quebra as regras que ela mesma cria.
Não teme a sua subversão. Teme estar inerte, estar quebrada, estar vazia. E por horas, é assim que se sente. 

Triste...

 O que te forma?

 Os pensamentos continuavam latejando-lhe na mente, ditando e sussurrando as palavras que seus dedos deveriam marcar de tinta no papel de tom envelhecido. Os lábios ainda cantarolavam uma melodia, mas essa tinha mais de sua personalidade, essa tinha mais de sua força, essa era muito mais amarga... e assim era muito mais marcante, na presença que aquela moça sabia colocar em tudo o que criava. Não deixava-se parar nem por um segundo, Os dedos até doíam mas as palavras não queriam se calar. Era muita coisa ali dentro. Era muita gente. E eram muitas vozes..

Ela então despia-se enquanto chegava no refrão daquela sua criação. Seu quarto permanecia escuro e o seu esqueiro trazia a luz para queimar seu cigarro. A fumaça deixava no ar o aroma forte e doce que dançava, escapando de seus lábios rubros.

Sua presença era cálida. Descia as meias 7/8 e ainda pensava em mais palavras sobre si, sobre o mundo... não podia parar.
Ali tinha muito mais do que ela jamais pode expulsar. E ela então sentiu o desejo de compartilhar.
Deixou seu cigarro, quase acabado no cinzeiro e sorriu leve. Olhou os pingos da chuva batendo na sacada e  mais uma vez sorriu.

Era uma garota estranha, composta de uma fraqueza e  de uma força assustadora. Pensava nas barbáries do governo, nas manipulações da mídia, nas frases de Nietzsche. Mas rapidamente esquecia-se de cada um dos seus delírios mentais.

Tinha prazeres raros e destes compartilhava em silêncio, deixando-se sorrir sutilmente. Era feita de uma imensidade  de coisas. todas chocando-se o tempo todo. Não podia regrar-se e nem queria fazê-lo.

Possuía tantas intensidades guardadas em si, que as vezes até deixava-as transbordar.
Os pequenos prazeres que encontrava, sempre faziam que ela se sentisse nova, se sentisse viva. Afastava dela o esquecimento que por muitas vezes cercava tudo o que já havia criado.

Estava naquele momento transbordando. E assim, sentou-se na varanda, sentindo as gotas daquela chuva ríspida e fortes, penetrando no restante de tecido que cobria aquele corpo.
Fechou seus olhos, não queria ver nada. Queria sentir o frio, sentir a força da água batendo em sua pele. queria sentir o sabor do cigarro, que permanecia nos seus lábios.

Não existia nada que poderia fazê-la abrir aqueles olhos. E a garota permanecia assim. Cantando e contando as palavras sem rima. Ouvindo o som da chuva, sentindo se transbordar junto a ela.

Começava ali um novo tempo. Ela sabia disso. E junto a aquela água que lhe escorria pelo corpo, deixou escapar tudo o mais que não queria.
E ali, ainda tinha muito. E ela, esperava o tempo de entregar o que tiver de si.
Sem pressa...

E ela sorria sozinha. Abria os olhos e visualizava a lua que aparecia tímida por entre algumas nuvens. Então se levantou, apoiou-se sobre a bancada da varanda e permaneceu encarando aquela lua.
Já era tarde e seus pensamentos ainda borbulhavam. Sentia um prazer desconhecido.

Intensa;
Subversa;
Particular;

Acendeu mais um cigarro e deixou-se curtir a efemeridade do prazer que o seu transbordar causava. Queria sentir e o fez.

A fumaça brincava no ar. E ela deixava-se repetir:

"Renova-te e compartilha-te." 
" Entrega-te e transborda-te"

... Mais prazeres estão por vir.






quinta-feira, 10 de maio de 2012

E o que te basta?


(...)

E a menor então com um olhar expressivamente forte, lançou :
- " Mas porque você está aqui? Digo, no mundo... Já pensou no motivo da sua existência? Ou acha que foi o sexo que te trouxe ao mundo?

A outra lhe sorriu leve. Abaixou a cabeça, cerrou os lábios delicadamente e novamente ergueu a cabeça deixando que seu olhar penetrasse fundo, no mais longe que pudesse chegar do olhar daquela que já lhe fitava.

- " Continuarei achando que você pensa demais. Engraçado que não fala muito. Esconde muita coisa de mim?

A pequena permaneceu sem reação. Moveu a cabeça negativamente e prosseguiu:
- " E então você me entrega cem porcento do que tem? do que é?"

Novamente a maior sorriu. Dessa vez só com metade dos lábios.
-" Interessante.... me sinto num interrogatório. "  - Concluiu provocando a outra enquanto novamente mantinha seu olhar preso ao dela.

- " Seria um interrogatório de verdade se você respondesse ao menos uma das minhas perguntas. Mas você não o faz. Assim deixo-me concluir que é você quem esconde muita coisa de mim. O que acha disso?"

Penetrando ainda mais fundo o seu olhar negro naquele mais claro, respondeu:

- " Eu não procuro respostas como você. Eu deixo que as respostas venham até mim. - Olhou para seus pés, pausou um pouco e continuou: - Sabe Koi, talvez você devesse se deixar viver, sem tantas regras, sem tantas perguntas, sem tantos porquês. Eu não te dou cem porcento do que sou, por que não conheço tudo isso, mas eu te entrego cem porcento do que eu conheço de mim. Poderia fazer o mesmo comigo."

- " Eu me basto. "

E naquele ar ficou um silêncio. Destes que de tão vazios, deixam nos rostos a expressão perdida de não encontrar na infinidade de suas mentes, palavras para concluir e terminar.

 A maior levantou-se sem quebrar aquele silêncio. Sentou-se ao lado da pequena e repousou sua mão sobre a dela.
 - " Eu te basto 'pequena' . " - Apertando sutilmente a mão que situava-se sob a sua.

Novamente o silêncio reinou naquele quarto. A menor deixou-se escorregar levemente e recostar a cabeça no ombro da outra que tratou de acomodá-la e de acariciar os negros fios que desciam pelo caminho de seu rosto.

A menor olhou para cima e perguntou:
 "- E o que te basta ? "

" - Isso me basta.  " - Respondeu enquanto puxava a menor para seu colo.

Deixou que suas mãos repousassem na nuca daquela que situava-se em seu colo. E os lábios então se tocaram. Um frio e o outro quente.

Aquele contraste causava espasmos e arrepios por todo o corpo.

Não pareciam ter pressa. Permaneciam colando e separando os lábios como se  fossem morrer depois daquilo. Como se fosse uma despedida.
Separaram os lábios e deixaram os olhares ainda unidos expressarem os sentimentos não ditos.

A maior olhou para a mão da pequena , encarou-a e novamente mergulhou no fundo daqueles olhos, deixando-se repetir:


" Isso me basta  "



(...)








sexta-feira, 27 de abril de 2012

Intensidade... de tudo, de todos, em tudo.



(...) "Sometimes love is not enough..."

Essa frase de uma música inteira foi a que mais me chamou atenção. Mesmo parecendo simples, mesmo parecendo até mesmo clichê.
Foi esta, a frase que me puxou na memória diversas vezes em que o amor não foi o bastante...

Não tem na grande maioria das vezes um motivo e foi a partir daí que eu tirei uma das melhores conclusões da minha vida...
Nem tudo precisa de motivos para ser real, para ser sentido, para ser intenso, para ser verdade.

São as coisas mais simples e fáceis que abrem a minha mente para aquilo que sempre quis descobrir.
O som que me entra aos ouvidos é tão agradável quanto aquele beijo quente que me recordo. Não se trata do físico e sim da sensação que fica das coisas pequenas e  naturais.

Sim, fiz da música minha companhia mais intensa. Tornei as palavras minhas amantes e a melodia apaixonou-me tão fácil que me recordei até mesmo da primeira vez que senti paixão.

Sim...
Porque eu não consigo mais apegar-me à nada e à ninguém. Mas as músicas sempre dão sentido aos meus dias, sempre estão presentes, compondo cada sentimento fino e comum, preenchendo-os daquele calor que tanto faz falta nos meus dias.
E eu me alimento da força das palavras cantadas, posso até sentir dentro de mim, o que a canção diz.

É incrível, definitivamente incrível.

As lembranças sempre estarão dentro de mim, sempre me farão sentir de novo, a essência que permaneceu daquilo que um dia já foi mais forte do que eu, maior do que eu e mais do que qualquer outra coisa que dei importância.
E contrapondo-se ao que imaginei que aconteceria, o que sinto é a calma de saber que acabou, misturada com a sensação plena do carinho que ficou.

Música...
a unica existência capaz de me apaixonar, de me emocionar, de me enlouquecer, entristecer e alegrar.

O resto é somente aquele reflexo que ficou carnalmente.
Mas a música retorna à mim tudo aquilo que sinto falta. Todo aquele sentimento caloroso e terno que não tenho nos meus dias, todo o sentimento que é frio e congelado nos meus dias.

Hoje, defini meu maior amor, minha maior amante, minha maior paixão.
Pois bem, e aqui está a guria que se deixa apaixonar por palavras, por aromas, por melodias e por lembranças, pelo melhor das lembranças.

A sensação que fica é de descoberta. Cada dia descobrindo coisas como essa, materializadas na minha loucura pessoal, personificadas na personalidade que me forma.

Não sou normal mesmo. Agora mais do que nunca possuo essa certeza e eu adoro isso.

Eu não quero nada do que todos pedem...
Não quero companhia pro resto da vida, não quero palavras recheadas de sentimentos mal formados, não preciso de alguém dizendo que cativa amor por mim, pra saber que tenho felicidade escondida dentro desse corpo. Não preciso de nada disso. Não sou feita de nada disso.

Sou feita de sentimentos próprios, de pensamentos próprios e de vontades próprias.
Não é amor que eu quero. Eu só quero a intensidade. : 3
... de tudo.

Somente pensamentos soltos...
Nada mais a declarar.


Inoue Yu  =*

http://www.youtube.com/watch?v=Bag1gUxuU0g&feature=related

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Transtornos



Naquele ar, pairava o aroma fétido da podridão que reina tudo isso a que pertencemos.
Não podia enxergar nada além de restos, mas ainda assim, ela permanecia boquiaberta como se todas as soluções pros seus dilemas estivessem guardadas, deixadas no oculto permanentemente silencioso.

Sorria, encarando o nada como se encontrasse toda a preciosidade naquela infinidade tão vazia. E amargamente, relutava para fazer-se plena e não permitir-se submergir em lembranças.
Não existia nada como aquele momento em que dava todo o tempo existente, para um paralelo que nem ela mesma havia descoberto.
Mas não se importava nem mesmo com o que ela pensava. Ela só fazia, ela só dizia e ela só pensava.

Sentia-se como uma camada vazia boiando, sobre todo aquele resto. Não se via inferior  e nem podia cogitar essa hipótese. Vivia em seu próprio mundo, cheio de palavras soltas voando docemente com o vento, cheio de coisas que só ela possuía, que só ela enxergava, que só ela sentia.

Não sentia mais em ninguém o desejo de compartilhar...
e assim lembrava-se de Nietzsche:" Minha solidão não tem nada a ver com a presença ou ausência de pessoas... Detesto quem me rouba a solidão, sem em troca oferecer-me verdadeiramente, companhia"

Sim, esta frase se aplicava perfeitamente aos seus pensamentos e sentimentos mais atuais. Ela sim, sabia o que era sorrir, somente para confortar alguém. O que era ajudar, quando queria ajoelhar-se e mendigar por uma ajuda....
Ela sim, sabia o que era guardar para sim toda a amargura que alguém pode ter em vida.

Mas nada dizia. Olhava para a camada tempórea que conseguisse enxergar e ainda assim sorria, olhando a fumaça branca do seu cigarro, mesclar-se com o negro da noite.

Transtornada dentro daquilo que a compõe, faz de cada dia uma vida nova. Cria personagens para apagar sutilmente o seu, que permanece solto, ignorada por ela mesma.

Não mais se importa com os valores céticos, com os valores morais, e nem mesmo com os éticos. Quer viver, quer sentir a intensidade que for capaz de sentir. Não apega-se a mais nada.

E assim permanece ela.
Sempre, falando de si mesma na terceira pessoa....
Sempre aleatoriamente criando seu mundo, montando seus passos, sonhando e acordando.
fazendo de si própria uma das palavras que voa pelo ar.





segunda-feira, 16 de abril de 2012

Sobre valorização e diversos outros fatores


A sensação que fica é que nada mais tem valor.
Bem, nada além da lua, das árvores, do vento gélido acariciando sutilmente o rosto, do aroma do café e de todas as outras coisas simples que ninguém ou quase ninguém valoriza.

Todo o resto que tem vínculo com o ser humano perdeu o valor. Pelo menos pra mim. Pelo menos por hora.


Existe um limite que redobra todas as linhas do consciente com o inconsciente, que mistura todos os espaços do doce e do amargo, que sintetiza todos os calores e está somente para cindir e unir dentre a diversidade  e  a polaridades.

Pensava eu...
Enquanto aquele vento ríspido, parecia  penetrar por entre o tecido fino e macio de meu vestido. Enquanto também um som, sussurrava-se terno, por entre meus ouvidos. E eu podia até sentir  a intensidade e o calor mesclado com o frio dos lábios tocando-me de modo sutil os ouvidos.

Não havia ninguém comigo. Este é o ponto que quero atingir com a forma mais certa que conseguir passar. Eu permanecia sozinha, encarando aquela lua cor de cobre, que parecia me sorrir em certos momentos.
Não me sentia sozinha e ainda assim, possuía uma certeza plena de que que estava. Pois bem, até dentro da insanidade não perco a racionalidade.
E esta, é a vantagem de não possuir alguém para compor e viver dentro do seu mundo interior, não idealizar um nome, ou relembrar de um rosto ao pensar no tão complexo amor, não derramar lágrimas ao pensar em ilusão...
enfim, não ter ninguém para ocupar seus pensamentos.

E planava em pensamentos, adentrando um mundo completamente louco e completo de sensibilidades que não existem nesse mundo a que todos estamos.
Era um mundo que criei. Ou talvez o mundo que me criou.
Não sei, e nem me importo qual destas é a verdade para minha existência ínfima neste.

O que realmente me encanta, são todos os paradoxos que me perseguem dentro deste que só eu possuo. Talvez seja este, que me entrega tantas doses fortes de loucura.
E quer saber, cada dia que passa tenho precisado de doses mais fortes, companhia mais astutas e particulares, silêncios mais duráveis e palavras mais contidas.
Isto para mim e somente para mim.


Então eu pude também visualizar a contemplação inerte dos monumentos bizarros e formados que no íntimo que me compõe, são vivos e verdadeiros como qualquer outra coisa que já foi montada e transportada à essa realidade tão rude.

Talvez eu sentisse dor. Talvez sentisse prazer.
Não sei ao certo responder o que sentia naquele momento. E ainda não descobri se gosto ou não destas vozes que me dizem bem ao ouvido coisas que por mim, nunca conseguiria concluir e fundamentar por laços findados ou fixados para a existência que me ronda.

Mas aprecio e escuto atentamente cada sílaba dita, vagarosamente, deglutindo cada palavra e absorvendo cada frase. Talvez nenhuma delas tenha valor ou signifique algo, mas ainda assim penso que  se recebi, algum valor deve possuir, seja ele correto ou não.

Depois de certo tempo, adormeci. Concluí diversos sonhos, todos estranhos e cheios de obscuridade e pessoas que nunca antes vi, sussurrando palavras em uma língua que jamais escutei.
E no meio desta madrugada, senti que caía  e neste mesmo instante num repulso incrível de tão forte, assustei-me com o que ví.

Bem, este pedaço não colocarei aqui.

São somente os retalhos de uma mente que se deixa submergir na loucura.
Pois bem, como eu mesma disse : Sabedoria traz consigo sempre, um pouco de loucura. E por hora não irei abster-me de nenhum destes.
Irei me embriagar de ambos, me drogar de ambos...
E  só me permito parar quando a overdose chegar.

Talvez eu devesse ter mais medo e me limitar em  algumas rupturas que entro. Talvez devesse procurar menos.
Mas esse é um tempo de descobertas, e aqui estou eu.

Mergulhada na mais profunda insanidade.

A realidade não me cativa. Não me encanto ou me surpreendo com essas valorizações atuais. Talvez por isso cada dia que se passa eu sorrio menos, eu brinco menos, eu converso menos.
Já não dou mais valor as superficialidades humanas. E estas destroem pouco a pouco qualquer corpo e mente que perdura agrupadamente na latente suja e podre que ronda a todos nós.
Eu decidi fugir de tudo isso. E aquela sensação de afastamento por não pertencer a nada disso, fez de mim isso que hoje sou.
Sem arrependimentos que talvez devesse ter. Sem medos que talvez devesse carregar. Sem certezas que talvez devesse possuir.

A cada dia vou valorizando as coisas que são deixadas largadas ao chão. Os 'restos' que sobram. O que é visto como lixo e que para mim tem uma preciosidade imensa.
E sabe o que é mais incrível disso tudo?
Nada, absolutamente nenhuma dessas coisas me possuem. Não sou dona de nada. Não me aproprio de nada e nem ao menos almejo essa possibilidade.
Eu apenas faço uso, pelo tempo que julgo necessário. Depois posso descartar e penso que outras pessoas (se é que essas existem) podem mais tarde tomá-las para si.

Sim... neste mundo que emana um aroma tão podre. Perco-me e encontro-me nas dualidades e trívios em que despenco. Enchendo-me enquanto vou abstendo-me de matérias que vão surgindo, das manhas às noites.

Sempre....
Nunca...

Quem sabe?

E permaneço aqui, encantando-me com todas as extremidades, conhecendo todos os lados e caminhando por cada um destes.
Perco-me em pequenos fragmentos sólidos por entre esses que vos disse. E não procuro recompor-me na grande maioria das vezes.

Qual caminho percorrer?
Eu vou caminhando lentamente, por entre as dualidades até decidir o que segurar e o que largar.

Porque sou feita de dualidades. Outrora de trívios. Eu me crio e me destruo. Me faço e me refaço.
Hora fria, Hora quente. Hora hostil, hora terna. Hora adocicada, hora de presença amarga. Hora sutil, hora sensata. Hora louca, hora inerte. Hora bizarra e hora normal, dentro das minhas anormalidades.

E pode parecer confuso ou sem sentido... mas  é isso, somente isso.


: 3 Inoue Yu










quarta-feira, 11 de abril de 2012

Palavras confusas, loucas, sem regras .


Pois é... e aqui estou eu, manifestando em palavras os sentimentos e sensações que vivem dentro de mim, que perturbam-me e criam-me. Que seria de mim, sem eles??
Eu vos digo: Nada.
Mas bem, aqui apresentarei alguns pensamentos soltos. Nada além disso.:

 As pessoas tem a maldita mania de complicar tudo. Colocar barreiras, implantar mentiras, selecionar tudo, misturar tudo, separar tudo.

Maldita e imutável mania de modificar.

Talvez seja o fato de não aceitarem as coisas como tem, que faça com que sejam tão infelizes.

Bem, que seja. Não é sobre isso que quero escrever.


.. Estava pensando. Este local à qual vos escrevo, é o modo que os deixa mais próximos de mim. Aqui, ser ler devidamente como imaginar que eu diria, será como estar ao meu lado. Pois escrevo exatamente como falo.

Mas bem, novamente que seja, não é sobre isso também que irei escrever.


Falemos de atos, de gestou... por fim, de cada coisa simples que é deixada passar, que é deixada morrer, que é deixada para trás, como  a folha simples que despenca seca, em qualquer árvore no outono. E esta, outrora é pisada por qualquer pessoa que por lá anda.

Entende, o que a metáfora brega e clichê, quer dizer?
Tanta coisa incrível desvalorizada. Entristece de ver...

Mas também não falarei disso.

Penso que  deveríamos' ficar atentos as coisas que os dias entregam.
Olhar o céu noturno, observar a estrela nova que aparece. É agradável ver que surgiu uma nova,

Sentir o aroma de cada coisa, de cada pessoa. Sentir inteiramente a sensação que cada coisa, que cada toque, que cada palavra, que cada som, que cada sopro, que cada existência possa te entregar.

Não importa  como pense, como seja, o que queira. O que importa somente é apriveitar cada coisa que existe.
Desde o mais forte dos sabores até mesmo ao insípido
Desde o mais intenso orgasmo ao mais leve toque.
Desde o mais forte aroma, até mesmo ao inodoro.
Desde a mais forte das luzes, até mesmo ao escuro.
Desde a mais alta voz, até o mais sutil sussurro.
Desde o mais esperado, até o mais displicente.

Enfim, não importa, a intensidade, desde que a tenha, desde que a sinta desde que a perceba.
Tudo, exatamente tudo, possui sua intensidade única própria. Porque abster-se disso?

Quer coisa mais banalizada do que o sexo, nos tempos atuais? (só o amor, mas não colocarei este no topo hoje)

Se cada palavra, toque, gesto, sabor, aroma, sentido...
se cada pedaço fosse inteiramente usado em sua intensidade tempórea para ceder e receber, seria tudo mais forte.
Talvez a pressa, seja também a causa do problema.


Pois bem, descobrindo aos poucos, com pensamentos soltos, mais algumas teorias. Isso aqui nada mais é do que pensamentos desconexos e sem sentido. Mas que fazem parte de mim. São pensamentos simples, e por isso mesmo faço questão de colocá-los aqui, por possuem a mesma importância dos complexos.

Nunca, se poderá entender por completo as coisas que moldam-se em dúvidas, mas pessoas como eu, sempre buscarão por mais.

Bem, sou uma amante da  sabedoria.  Não poderia abandonar tais pensamentos.
E embora sinta-me louca na grande maioria das vezes, essa loucura é o melhor dos passatempos, a melhor das companhias, a melhor das armas, o melhor dos objetos, a melhor das características que compõem-me.

Seja como for, serei sempre esse símbolo assumido da inconstância, da teimosia, da modéstia por alguns momentos.
Estarei sempre buscando por mais, por que saber me enebria, me vicia, me embriaga e felicita.

Nada mais me completa do que concluir um pensamento inacabado.
Já não tenho muito à sentir. Mas sou completa, absolutamente completa de pensamentos.
Alguns soltos, como esses que lhes apresento. Outros completos, complexos, formados.

Mas cada um unido com cada célula da minha loucura, como cada pedaço da minha insanidade, com cada detalhe do meu individualismo, com cada soltura do meu influencialismo, com cada gota da minha verdade, como cada modelo do meu estilo estranho de enxergar as coisas..
Com o amargo e com o doce.  Com o realismo e o pessimismo.

Enfim, com tudo que me forma. Seja como encarem.

Meus pensamentos são o que me formam. Mais do que qualquer outra coisa.
Estes não estão visíveis a toda e qualquer pessoa, mas está aberto à quem me cativar.

Pois é... aqui estou eu, ser tão complexo e tão fácil.
Extremidades completando-se, unindo-se separando-se.

Nada mais que isso.

Aquela que pensa mil coisas ao mesmo tempo. Começa com uma coisa, termina com outra totalmente diferente.

Seja bem vindo aos meus pedaços.
Devolva-me  se julgar necessário, ou pegue-os para ti....
Para mim, isso pouco importa. O que te forma, nunca perde-se de ti. Está preso, marcado, faz parte de você e sempre, estará presente em tudo o que é esse ser pequeno e tão grande.

Bem, chega de vinho, chega de escrever. Chega de consciência.

Nada mais a declarar...
são somente fragmentos, palavras que de tão importantes, perdem-se dentro de várias outras inimportâncias.
É  isso... nada sobrando, nada faltando..


:3  Inoue Yu




domingo, 1 de abril de 2012

Palavras Alheias mescladas com as minhas




Não sei amar pela metade, nunca soube. Aliás, não se trata só de amor, mas de qualquer tipo de sentimento.Não sinto nada mais ou menos. Não sei sentir em doses  homeopáticas.


Assim bem desse jeito, cheia de amor e exageros. 
Preciso e gosto da intensidade, e se não for assim, prefiro que não seja.


Sou o que quero ser, porque possuo apenas uma vida e nela só tenho uma chance de fazer o que quero. 


Tenho felicidade o bastante pra fazê-la doce, dificuldades para fazê-la forte, tristeza para fazê-la humana e esperança suficiente para fazê-la feliz em seus momentos necessários.

As pessoas mais felizes não tem as melhores coisas, elas sabem fazer o 
melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos.Sabem retirar a essências real das coisas e decidem entre a frieza e o calor, o doce e o amargo, conforme acha correto fazer.

Eu gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes... tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.Você pode até me empurrar de um precipício, não me importo com isso...
...Eu adoro voar!


Não me deem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre. 
Não me mostrem o que esperam de mim, porque eu vou agir conforme eu achar correto. Não tentem me fazer ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente. Não tenho sentimentos cortados ao meio. Não sei viver de mentira. Não se voar de pés no chão. Sou eu e nada mais, mas com a certeza de que não serei eu mesma pra sempre.



Contradição... Contraste... 
Calor de palavras dentro do corpo mais frio.



~ Ta aí, palavras que definem perfeitamente essa guria que vos fala.
Nada mais a declarar~

Apenas fragmentos e lembranças




A visão que pairava sob meus olhos não passava de algumas  lembranças. Ainda as sentia quentes, como o pescoço, em que eu toquei meus lábios por uma única vez.
E ainda podia sentir o aroma adocicado da cereja em torno do meu corpo e adentrando minhas narinas numa seção de nostalgia, louca insana e cortante ao mesmo tempo.

Podia sentir os cabelos tocando-me de modo sutil no rosto e ouvir o tom levemente grave da voz, bem de perto dos ouvidos.
Era contraditório... era bom sentir aquilo, porque tudo parecia ser real, mas era terrível perceber que não era e que  não mais seria.

O passado carrega os momentos que sumiram, e dentro de mim, permanecem acesos, quentes e vivos. Como se fosse impossível matá-los.

Não existem mais sentimentos como aqueles que me recordo. Pelo menos não em mim. E se tem uma coisa que me entristece todos os dias é não sentir mais prazer nas coisas, não enxergar a beleza real (interna) das pessoas e muito menos  a minha.

Se tem uma coisa que aprendi com ela, foi a olhar e ver mais do que aquilo mostrava. Ver o quanto uma simples árvore sem folhas, pode carregar a beleza mais delicada. Como um céu noturno pode ser acolhedor, como o aroma do café pode ser agradável, como cada coisa simples, que ninguém nota, pode carregar a beleza mais incrível e fazer com que viver tenha sentido, com que acordar todos os dias pode te fazer se sentir feliz e como andar sem rumo em um dia em que o vento gélido, acaricia-lhe o rosto, pode entregar-lhe a sensação mais incrível que já pudera sentir.

Não consigo e nem quero esquecer o brilho e o vazio que tinha pra contrastar no fundo daquele olho negro. Nem mesmo a curvatura dos lábios rubros, ou o cerrar dos pequenos olhos em um simples sorriso.
Menos ainda a delicadeza dos gestos ao falar e o inebriante aroma de cereja que todos os dias eu me recordo.

Não poderia eu, mentir pra mim mesma e achar que esquecer é fácil. Poucos tiveram e poucos terão o prazer de vivenciar o que é esse amor tão complexo.
Lindo e Terrível...
Doce e Amargo...
Quente e Frio...
Perto e Distante...
pouco importa.... mas serão poucos os que terão o prazer ou desprazer de conhecer tal sentimento.
E talvez seja tantos contrastes que faça dele tão difícil de ser aceito ou de ser permitido viver.


Só quem já pode senti-lo verdadeiramente, hoje entristece-se por vê-lo ser banalizado, por vê-lo sendo usado como qualquer outro sentimento ou confundido com uma mera atração ou paixão.

Esse amor, que lhes falo... é aquele que te mata e ao mesmo tempo te mostra como viver.  É aquele que te corta e ao mesmo tempo te cura feridas, é aquele que faz sentir a pessoas mais feliz do mundo e ao mesmo tempo a mais idiota, é aquele que te faz sentir completo e também vazio, é aquele que aparece mas também some, é aquele verdadeiro, mas que também apaga-se com o vento, some com o tempo, morre sem explicações.

A reciprocidade existe, somente neste. E de certo modo posso sentir-me feliz por tê-lo sentido um dia. Verdadeiro e belo como é em sua essência, porque não existe e NUNCA existirá sentimento á ser comparado com um, que te faz aceitar tudo o que você detesta, perdoar, tudo o que critica e dizer o que seu corpo reluta em dizer. É o único que te faz sumir do mundo, somente com toque dos lábios e que te arranca tudo, conforme uma lágrima escorre-lhe pelos olhos.

Não existe nada que posso ser comparado com um sentimento como esse. E por mais que doa, mesmo que os corpos se separem, as lembranças, as memórias os sentimentos em essência permanecerão sempre vivos dentro de ti, te lembrando das sensações, te fazendo sentir-se um inútil por ter deixado acabar.

Mas é assim que as coisas são.
Sinto-me bem, dentro de todas as tristezas enfim, por pelo menos tê-lo contido dentro de mim, forte a ponto de não poder pensar em nada ou ninguém parecido.

E a palavra em si, faz-lhe lembrar de um nome, de um olhar, de um aroma, de um sabor, de uma temperatura. da sensação mais acolhedora e da mais aterradora.

Do momento de seu nascimento até o de sua morte. Da sensação de lembrar da pessoas mais incrível que já pode conhecer e de lembrar-se dos momentos compartilhados.

Complexidade, espontaneidade, particularidades  em gestos, em pensamentos, em olhares.
Coisas simples e que fazem da pessoa a mais linda já vista, a mais incrível já vista e a mais perfeita já vista.

A vontade permanece também, conforme as lembranças tocam-me.


Sinto, entristeço-me, destruo-me e recomponho-me  dia a dia.
E  é isso que faz dele eterno....
Mesmo quando acabou, permanece vivo nas lembranças de ambos quentes como se tivessem acabado de acontecer ou distantes como se tivessem passado anos.

É essa a complexidade que o torna tão maravilhoso... ele te corta mas te vicia.
Ele acaba, mas não te abandona.


Sentimento que vive dentro das pessoas mais loucas, dentro das pessoas mais insanas.
Sentimento que não me permite esquecê-la.
Sentimento louco, insano, e delicioso de se sentir.


Amor, e todo o resto que este causa nos corpos e mentes.
Aquele que compõe-se dos fragmentos mais simples: melodia voz, aroma, sabor...
Preso na memória, marcado em lembranças...
Eterno e intenso...


~~ Lembranças e nada mais.




quarta-feira, 14 de março de 2012

A marcha da execução em massa:



Não se podia ver nada...
nada além de ruídos...
ruídos altos como gritos...
gritos proferidos no silêncio...
silêncio esse em que minha mente grita.

Grita palavras de peso, encadeadas de sujeira...
sujeira morta, podre e apagada em outros...
e os outros olham, sentem e fingem não ver...



Não se podia ver nada...
nada além de poluição e detritos...
detritos grandes como os sonhos...
sonhos deixados soltos no espaço...
espaço esse em que a podridão reina.

Reina a morte que afaga e acaricia os rostos...
rostos pálidos, apagados e sem expressão nenhuma...
e nenhuma pessoa sente... e se sente fingem não sentir.



Não se podia sentir nada...
nada além de dores...
dores fortes como se perdessem tudo o que existia...
existia um mundo, contaminado por doenças...
doenças terminais que corrompem as mentes e mutilam os corpos.

Sigam em frente,
Na marcha da execução....
Já não temos mais nada a perder.



Já não se podia fazer nada...
nada além de seguir ordens...
ordens que saíam das bocas mais imundas...
imundas, como o mais ínfimo dos objetos...
objetos lançados em voz, ordenando a manipulação em massa...
massa essa a que pertencemos...

Pertencemos a todo esse detalhe sórdido...
sórdidos somos, impuros, alienados e comandados...
comandados pela boca que despeja ilusões, manuseados pela mão que fere e corta.



Não se podia relutar aos medos...
medos que compunham o fundo dos olhos...
olhos que não ocultavam aquilo que a boca escondia...
escondia por orgulho, ou qualquer outra coisa utópica.....
utopia essa em que todos despejam os seus desejos...


Não se podia ter mais esperança nos homens...
homens malditos e vazios em fila...
fila de porcos, caminhando tontos em tropeços...
tropeços do corpo que reluziam o que era a mente...
mente essa que só carregava crenças e dessa vez...
até mesmo os descrentes suplicaram por piedade de um 'Deus...

'Deus esse que se existia dormia...
dormia e devaneava o seu sonho mais profundo.

Ou então jogava o seu mais preferido jogo:
Simulava a sua tão esperada marcha da execução em massa.


Depois da simulação decidiu fazer seus testes...
Tornar o seu sonho, realidade....

E ali depois do esperado, não restou nada...
nada além de corpos, fétidos e frívolos largados ao chão...


~~ Nada mais a declarar.








segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O Ódio Preso Em Minhas Mãos.



Texto de 23/03/2011

Eu queria apenas poder expulsar de mim todas essas coisas que me atordoam..
Que me despedaçam.. que me matam aos poucos com uma dose delicada de violência mórbida.



Todos os sentimentos bizarros que entram em meu ser complexo..

tem dificuldades para escapar....

E isso é algo que me maltrata.



Eu gostaria apenas que o vento frio, que dança com meus cabelos..

levasse consigo tudo isso.

Quero poder voar com ele.. voar pra longe.. pra sempre.



Quero que os cortes afiados de navalha viciante...

matem-me de overdose...

Rapidamente.



E tudo o que eu achei que pudesse amar.. são apenas mais algumas ilusões...

Não quero amar... não quero chorar.. e nem sorrir

porque eu não consigo fazer nada disso.

Quero que me apague delicadamente como aquela mão que afaga-me com carinho.



Desejo libertar-me de meus próprio prisioneiro.

Quero apertar-me.. sacudir-me.. gritar, loucamente..

Até sentir todos esses expurgos saindo de mim..

pelas aberturas sangrentas de dores amargas..



Cansei-me de ser tão forte sempre..

Será que as lágrimas guardam em cada gota um pedaço preso em mim..?

Será que se elas escorrerem pela minha face.. eu me sentirei melhor??

Será que essa metamorfose que me engana... pode ajuadar-me a recompor-me??

Será..?Será.. Será??



E as incognitas continuam a me matar..



Quero que o frio, congele-me..

Que o calor derreta-me...

Que o amor Persiga-me..

Que a paixão corte-me...

Que os sonhos firmem-me...

Que as lágrimas  molhem-me...

Que o vento  seque-me...

Que as pessoas olhem-me..

Que as orbes ingnorem-me..

Que as cores fujam-me..

Que a escuridão abandone-me..

Que tudo isso realize-se..

E que a metamorfose que faz morada em mim.. tire tudo isso de minha cabeça...



Será que eu crio as minhas confusões mentais.. por um mero tédio??

Será que eu vivo no meu próprio inferno..

Será que as loucuras que norteiam meu paraíso.. podem me buscar??

Será que os ódios que eu seguro nas minhas mãos podem escapar?

E as Lágrimas escondidas em meus olhos podem acompanha-lo?

Será.. Será.. Será...?"


   "Em um dia triste de outono.. com aparência de inverno"

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Apenas Mais Palavras Soltas.




Texto de: 22/12/2011


Queria eu ter sob a visão de meus olhos alguma raridade duradoura.
Entenda-me... não me refiro ao tempo de duração da criatura rara.... até porque as raridades normalmente não se deixam ser influenciadas. Eu refiro-me ao tempo de estadia dessa raridade em minha vida.
Não é um papo sobre saudade, Ou não somente sobre isso.

Como sempre ando vivendo com certa aflição, com certa agonia, as raridades estão fazendo falta nesses momentos, ou talvez elas sejam a causa dessas sensações tão agonizantes.
Aqui posso colocar o clichê de que você só sente falta de algo quando perde. Eu odeio clichês, mas esse faz total sentido nessa situação.

Não é bem um vazio, sabe.... é simplesmente meu pensamento me castigando por eu ter mais uma vez feito más escolhas. E eu normalmente sou egoísta comigo mesma, até quando é pra assumir um erro que foi inconsciente.
Novamente presa em um caminho que eu deixei pra trás.  Como tenho dito, eu quero que se foda a reciprocidade, mas nem por isso mentirei, fingindo não pensar, ou não carregar lembranças...

Continuo vigiando sua vida. Isso tornou-se uma mania, um vício sabe. Talvez porque tuas palavras me viciaram. O jeito único, o jeito assumidamente patético, o jeito introvertido e frio... tendo controvérsia com sorrisos, expressões e palavras quentes, não me deixaram excluir totalmente o contato. Mesmo considerando os fatos de uma briga, de uma discussão, de um fim... colocado em tudo.

Sempre fui uma pessoa teimosa. (disso todos sabem) Mas minha teimosia é o que mais fode com a minha vida.
Porra, eu teimo comigo mesma, quando é extremamente necessário a tomada de uma decisão...
Nunca enxergo nada de belo em mim, em nada do que escrevo, em nada do que digo ou penso.  E costumo xingar-me durante todo o tempo, em pensamento.

"Quero mais é que se foda o que ficou para trás"..
Queria eu pensar desta maneira. Seria tolice, seria mentira, seria egoísmo, abster-me de pensamentos tão marcantes.
Não quero trazê-los ou refazer momentos como aqueles, quero somente tirar um pouco dos meus pensamentos e deixa-los por aqui.

Não me importo com as consequências dessas palavras. Aliás Tenho me importado cada vez menos com as coisas e com as pessoas...
Mas não posso negar que cada fuga da minha vida para entrar na tua, me faz sentir  a sensação mais amarga e contraditoriamente a sensação de " trabalho bem feito" por ver que as coisas vão bem.

Posso ter sido vista como ingrata, como frígida ou até como enganadora.  Mas se tem algo de que eu não duvido, são os sentimentos lapidando cada parte e pedaço meu.
Perdi pedaços importantes, sabe...  mas não quero tê-los novamente.

Isso não chega nem perto de um pedido, de uma indireta ou de algo do tipo. Se tem algo que eu devo assumir que não tenho coragem para fazer, é pedir uma nova entrada na vida de uma pessoa que me mandou sumir. Por mais necessário que seja.

Mas existem laços, existem correntes que mantém de certa forma uma 'ligação". E "a priori" isso tem me incomodado e como minha vida é marcada sempre de inconstâncias, isso me faz sentir bem em alguns momentos.
Não dura muito tempo, mas é bom....

O lado bom das raridades, é que elas tem o poder de   engrandecer e alimentar de uma forma incrível seus dias. e da mesma forma, de acabar com eles.
Acho que muita estranheza  junta, acaba causando essas sensações estranhas. Perto dos 'normais', pessoas 'anormais' (devo dizer, que uso esse termo, porque é perceptível que eu não sou normal, e sendo assim, as pessoas que não compartilham de um mesmo jeito de levar os dias, ou de pensar, devem sim, ser consideradas normais.--na sociedade--) precisam disfarçar, precisam vestir suas máscaras. E se tem uma coisa que pessoas anormais fazem bem é usar de suas máscaras.

Pergunto-me se esse ser anormal usou de máscaras comigo, ou se talvez tenha sido a insanidade dos atos, a loucura e sinceridade em cada palavra ou a falta de preocupação em cada gesto que tenha feito tudo ser tão diferente, tudo ter se atraído de forma tão natural e ao mesmo tempo de forma tão assustadora.

Não me encare mal.  Eu apenas não consigo e não quero esquecer. Por mais que não seja agradável na maioria das vezes, gosto de ter comigo os pensamentos de uma loucura trazida pela mais estranha raridade.

Foi patético. Mas faz falta.
Sei que é estranho....mas é assim..
Raridades tem o poder de te marcar, te cortar.
Raridades tem o poder de ir embora ou de te mandar ir...  sempre somem de algum jeito.
Raridades tem um poder incrível de ficar sempre na tua lembrança...

Raridades são fodas (em todos os aspectos existentes)
E se quer saber, por mais que eu tente fugir. Acho que elas tem uma fixação por mim.

Diferente de tudo o que tem aqui. Sem formalidade...(como tudo que eu escrevo), são apenas meus sentimentos mais atuais. (e como esta cada vez mais escasso. sentir algo, não deixarei que um sentimento tão presente, passe batido, ou tente ser esquecido.)
Minha mente sempre teima comigo. Mas eu teimo ainda mais e reluto.

Por mais que seja ruim, eu prefiro sentir do que me deixar ficar ainda mais anestesiada de tudo....

Sentir falta de algo me faz sentir mais viva. Me traz os sentimentos mais confusos e contraditórios, mas me faz bem.

Não quero nada de volta. Mas devo confessar que a raridade mais patética foi de todas, sem dúvidas... a mais marcante.

Nada mais a declarar sobre isso.



Yuki Inoue
~~ Agradecendo, por enfim, conseguir escrever sobre isso... (devo confessar que tenho textos sobre momentos relacionados a essa raridade citada, mas não irei posta-los. Por mais idiota que eu seja, prefiro mesmo, evitar mais desentendimentos.)


Isso pelo menos preenche os meus pensamentos, os meus dias.
Já não tenho feito nada de interessante. Aliás, fazem dias que não tenho um riso espontâneo. (não quero perguntas ou atenção alguma sobre esse assunto.
As perguntas e preocupações lançadas sobre mim, tem me incomodado cada vez mais. As pessoas (todas) tem me irritado de um modo extremo.E provavelmente eu mandarei sumir também, quem me entupir de perguntas ou de atenções que pra mim são desnecessárias.
Não preciso e não quero ter atenção ou afeto de alguém.  E isso inclui tentar viver a minha vida, ou tentar entrar nela.

Não ficarei pensando em como melhorar isso. Quem me conhece sabe que eu nunca tenho pretensão de mudar nada.
Bom... eu comprei livros... tenho como ocupar o meu tempo.

Terminarei esse fim de tarde ouvindo as músicas que mais gosto e bom... é isso.~~

Aqui vai uma:
http://www.youtube.com/watch?v=qHYOXyy1ToI&feature=related

~Em uma tarde da semana mais estranha que eu já tive.~

sábado, 21 de janeiro de 2012

Maldita Ignorância Humana:

Texto de 28/07/2011:



E mesmo estando cada vez mais só, eu tenho certo orgulho da existência que me ronda. Não dá minha existência, pois a mesma, vem de causas muito menos obvias do que simplesmente sexo. Quando digo que me orgulho da existência que tenho ao meu redor, digo que eu  deixei de querer adaptação.Tenho orgulho da existência dos meus pensamentos...
Poderia citar Descartes, ou até mesmo Nietzsche...
"Penso, logo existo. "   ...ou seria "Existo, logo penso"  ?

Os dilemas realmente me encantam. E ao relutar com o dilema de aprofundar-me e deixar-me afundar dentro dos meus sonhos, eu me pergunto em qual das hipóteses pensadas eu me deixaria  ficar submersa.

A porra, da verdade é que eu vivo submersa em várias dessas hipóteses. Como se não existisse para mim as mesmas verdades que estão postas aos "outros". O som que entra ao meu ouvido, não ocupa as mesmas lembranças que o som que entra em outros ouvidos. O meu coração não bate na mesma velocidade que os outros corações. O sentimentos que outros sentiram, eu sou incapaz de ditar uma reciprocidade, pois eu não sei se ao menos a intensidade foi a mesma. E sendo assim, qual a causa de pedirem tanto por igualdade sem nem ao menos podem aceitá-la?

Não aceita-se a igualdade e nem mesmo a diferença. Não aceita-se o amor e nem o ódio.  Não aceita-se a mentira e nem a verdade .Não aceita-se a opinião e nem o silêncio.  Não aceita-se a companhia e nem a solidão.  Não aceita-se nada que não tenha saído de dentro de si próprio.
Meus pensamentos formam o que eu sou. E eles são a única coisa que não podem tirar de mim, não podem modificar. E mesmo que julguem como arrogância, meu único desejo que luta todos os dias para não ser vencido e em que eu coloco toda a minha força, é o desejo de me manter sendo, agindo e pensando da minha maneira. Mesmo que o julguem como errado, eu não quero ser como os "outros", não quero que animem-se ou que desanimem-se com a minha verdade. E  não quero nem que a aceitem.

Meus pensamentos me pertencem, meus atos me pertencem, meus medos me pertencem.... Tudo o que eu sou e vou sendo, me pertence e por todos os dias apenas me pertencerão. Sendo assim, ninguém deve desejar mudar-me. Terão mais sucesso se apenas seguirem seus caminhos em paz.

Acreditam na verdade que não podem ver. E sentem aquilo que não podem descrever. A ilusão desposta frente as olhos, parece mais agradável do que a verdade visível.

Acredita-se naquilo que sai de si. E diz-se não existir o certo e nem o errado, mas ainda assim, reluta à verdade oposta a sua, ignorando o fato de estar salientando o "erro" do outro.
Não trata-se de erros, ou de acertos. Trata-se de viver em um mundo em que isola-se da própria existencia, achando que a está fixando.
A partir do momento que você deixa-se mudar, está anulando a própria existência para um bom convívio.
Sim, meu caro... tudo tem seu preço. Mas se o preço for anular-me, prefiro permanecer assim.

Vendem-se assim por tão pouco? Entregam o próprio individualismo por uma boa convivência com aqueles que em seus pensamentos vivem recebendo críticas...?

Teu preço é uma tolice.... teu destino é tornar-se apenas mais um robô, mais um igual.
E de que isso importa?  Qual a importância daquele que vive como os outros...?

Eu enxergo os defeitos como mais valiosos que as qualidades. Eles te formam, eles te diferenciam, eles te separam dos outros. E mesmo que crie dificuldades. Isso é resultante apenas da incapacidade humana de aceitar as diferenças.
Não é necessário ser igual para ser compreendido. Não é necessario pensar igual para ser aceito. Não é necessário viver igual para ter um bom convívio.
As opiniões podem ser contrapostas e ainda assim levaram a um senso.

Eu já cansei de escrever sobre os "outros" mas como é um pensamento meu, eu posso quebrar a promessa de não o fazer mais. Me incomoda, me enoja, me irrita... e enquanto permanecer me irritando, permanecerei me opondo.

Eu sou assim, sempre fui assim... e encare-o como queira, pois eu me recuso  a ser como aquilo que eu critico, me recuso a anular meu individualismo, me recuso a fazer o que não me é aceitável, para ser aceita.
E eu não me importo com a convivência social. Quanto mais o tempo passa, a solidão me parece cada vez mais atraente.

Sou chamada de misantrópica, ignorante, estúpida, arrogante, hostil, grosseira, fria, displicente.... etc
E pouco me importa os adjetivos que me são dados. Pedem a minha complacência... mas pouco me importam seus desejos.

Aqueles que tem pensamentos no mínimo parecidos com os meus e também estão andando ao meu lado. Compartilhando das conversas mais lúdicas e inteligentes que eu já pude ter.
Muito melhor do que as futilidades que eu respondo por educação(mesmo que a educação não seja aparente)

Os poucos com os quais tenho afinidade e afeto, são aqueles que enxergam e escutam, mas sabem calar. E são aqueles que dizem o que acham necessário. Expulsam as palavras mais grosseiras aos inúteis e assim como eu, pouco se importam com a aceitação da qual são excluídos.
Vivemos a nossa verdade e mesmo quando criticamos as outras, não tentamos mudá-las, por mais abomináveis e frívolas que sejam.

Eu não quero ser a correta. Pois eu odeio quem faz tudo correto sempre. Eu faço o que está ao meu alcance, para atender as minhas vontades, segundo aquilo que eu desejo... e não aquilo que desejam pra mim.
E a infimidade de tais desejos me é testada pela mesmo vontade que eu deixo de atender.

Quantas vezes eu calei e senti aquele aperto na minha garganta e as lágrimas formarem-se em meus olhos, de tanta vontade que as palavras tinham de escapar dos lábios. Mas permaneci calada. Poucos são aqueles que precisam saber das coisas.
E eu não sou de dizer o que está certo, ou o que está errado. Não está nos meus planos... já que eu nem ao menos os tenho.
Eu vivo a partir daquilo que me atrai, me agrada, me encanta. E eu reluto à aquilo que me irrita, me incomoda, me dá asco.

A sociedade é uma merda. Pisam nos próprios erros e/ou escondem-os debaixo do tapete. Mas se um resquício do erro alheio escapar, não perdem a chance de puxar o tapete dos outros e deixar os erros salientes, apenas para confortar os próprios desejos... e mostrar que os outros erram. Como se tudo o que fizessem fosse sempre certo.

Eu permanecerei só... cada vez mais só, porque eu já não quero mais as companhias como queria antes... e sei que com o tempo isso somente irá aumentar. Eu não quero piedade de ninguém, pelos problemas que carrego... e cada dia que passar eu desejarei ainda mais me afastar das pessoas....

Só me resta uma frase para a conclusão de tudo isso:
MALDITA IGNORÂNCIA HUMANA

 E nada mais a declarar.....

Nada Além disso





Palavras mergulhadas na mais profunda escuridão.
Palavras expulsas das mais podres bocas.
Palavras trajadas de medo, de morte, de sangue.
Palavras tortas, palavras sujas, palavras mortas...
... e nada além disso.

O medo sempre corrói os corpos que não se despem da própria fragilidade.
Toma posse, entrepassa-se por entre os dedos e segura-te a mão. Tomando-te depois por inteiro.

Agonia marcada e impregnada em cada célula de um corpo que já não parece mais ter vida.
Não anda mais, arrasta-se.
Não pensa mais, isolou-se da própria capacidade de estabelecer idéias e doxas.
Não sente mais nada, afastou-se das sensações, dos sentimentos, até mesmo dos medos. tentava ao menos acreditar nisso.

Sentou-se ao chão... no canto.
Acendeu seu cigarro e deixou-se abandonar à si mesmo. Como a criança que despede-se de um barquinho sobre a água.

Tristeza..... foi sem dúvidas o último sentimento que pode sentir. Pois deixou também que o medo de si próprio o dominasse. Tinha medo de ter, medo de ser, medo de ir...

Então parou.... estacionou seus sonhos de um passado em que tudo parecia ser normal.
Esqueceu-se... ou ao menos fingiu ter esquecido...
Alias, fingia sempre.... mentia sempre, acreditava em cada uma das mentiras que contava e sorria corrompido por uma sensação demasiadamente amarga.

As lágrimas formavam-se nos olhos. Mas ele não as deixava seguir seu caminho. Ele as prendia, como fazia com quase tudo em si.
Mas era o seu fim... ele havia decidido que seria o seu fim.
E por mais que não sentisse nada, sentiu por uma última vez as lágrimas escorrerem por seu rosto, pálido e atônito.

Palavras cantadas para conforta-lo da sensação de vazio...
Palavras trazidas, palavras cortantes, palavras fortes, palavras envenenadas...

Mergulhou mais uma vez na própria loucura. Sorria insanamente...
Enquanto ouvia diversas vozes sussurrando-te o que deveria fazer...
Enquanto perfurava à si próprio, fingindo mais uma vez não sentir dor.
Agonia presente no olhar.... mas escondida do corpo.

Tremia, encolhia-se e contorcia-se...
Dobrava-se, esticava-se e recolhia-se....
Nascia, renascia e morria...

Ali estavam o sangue, as vestes, as lágrimas....
Ali estavam os sentimentos recém apagados...
Ali estavam cada resquício do medo, da mentira, da amargura.

A lua cheia ainda brilhava no topo do céu.
E parecia sorrir para ele.
Enquanto seus olhos fechavam...  ele sorriu de volta para a lua.

Cumpriu sua própria vontade....
Matou aquilo que lhe assustava, que lhe amedrontava, que lhe incomodava..
Mentiu mais uma vez para si mesmo....
Mas foi assim que desejou.

As palavras se foram... e  voaram pra longe.
O sangue escorreu... e secou um pouco mais tarde.
As lágrimas confundiram-se com a chuva que tratava de lavar aqueles restos...
  ali restou apenas um corpo.....
....um corpo vazio....

E nada além disso.

Vigésimo Sétimo Encontro:




A sabedoria aparecia lúcida por entre a mente cheia de idéias vazias.
A monotonia fazia com que os dias parecessem se arrastar por entre os caminhos percorridos, fazia com que tudo fosse insípido, com que tudo fosse ignorado... desde as boas sensações à aquelas agonizantes, perturbadoras, gélidas e cortantes..

As vezes sabia disfarçar.... em outros momentos simplesmente chorava, gritava, quebrava os objetos que pareciam voar e grudar por entre seus dedos.. como se pedissem por um fim.

" - Deveria eu agir da mesma maneira. Adiar cada um dos momentos, excluir cada um dos instantes, adormecer de cada um dos dias, me afastar de cada uma das dores, abster-me de cada um dos sorrisos.... esquecer, dormir, morrer...

Tentava lembrar-se do azul do céu. Não lembrava-se de como eram os dias ensolorados e de imediato, pos-se a encarar a palidez da própria pele.
Sorria amargamente e sentia o sabor do sangue em seus lábios....

Rasgava pedaços da própria pele e sorria ainda mais, de modo cada vez mais insano...
Enlouquecia à medida que sua dor crescia....
Repetia nomes e nem ao menos se lembrava quais eram de pessoas que haviam passado por sua vida e quais eram de personagens que havia criado para tentar faze-la parecer mais interessante. Ou menos interessante.

Mencionava questões, dúvidas, pensamentos da mais porfunda insanidade, enquanto a dor parecia que estava cortando seu corpo ao meio.

Permecia sorrindo enquanto suas mãos movimentavam-se com rapidez. Encaixava a navalha entre o dedo anelar e o dedo médio,  passava-a na pele com força com raiva, com dor e sem medo.

O sangue escorria quente por sua  pele, que era da frieza mais intensa que  era possível para um ser em que o coração ainda podia bater.

Montava em sua mente os mapas do país inexistente que sua mente foi capaz de um dia criar. Pensava fortemente em seu nome, em seu cheiro, em sua ausencia de cor.
Gostava daquele lugar e estava forçando sua mente para manter-se imaginando-se lá.

" - Estranho. - Pensava enquanto diminuia a movimentação sequencial de sua mão esquerda em sua pele, rasgada em direções opostas.
Fitou o chão e com os pés riscou-o sem nem ao menos perceber oq fazia.

Sorria, sem abrir os olhos.
Pensava no quanto era criativo, em quantos enganou, pra quantos fingiu, pra quantas pessoas montou uma vida completamente adversa.
Aquele sorriso apagou-se do rosto.  Voltava a mensurar aquelas teorias bizarras que criava e organizava desde seus oito anos de idade.

Foi até a janela. Estendeu as mãos até seu maço de cigarro. Girou a caixinha de metal em mãos, olhando algumas palavas que estavam escritas ali. Não sabia o que estava escrito e nem o porque havia comprado aquilo.
Segurou um dos cigarros entre seus dedos. Acendeu-o entre os lábios e de uma primeira tragada sentindo intensemente a fumaça percorrer o caminho por dentro de seu corpo.

Novamente sorria.
Passou a lembrar de seus sete anos de idade. No primeiro gato que ganhou:


Seus olhos brilhavam encarando aquele gatinho negro. Havia tempos que pedia por ele.
Olhou para a sua mãe, abraçou-a e agradeceu pelo presente.
Virou de costas para ela e sentiu como se eu peito fosse invadido por uma sensação imensa de força. apertou o pequeno gatinho por entre seus dedos.. e levando os braços para trás em uma questão de poucos segundo, jogou o  animal na parede.


O sangue pastoso escorria por entre o cimento mal- alisado. O corpo  ainda com vida, retorcia-se deixando um som que parecia de pulmão corrompido voar pelo ar.
Sua mãe gritava enlouquecida, tampava os olhos.


O pequeno gatinho contorcia-se, dobrava-se e esticava-se, chorava, tremia e por fim, esticava-se e endurecia sem vida.


A mãe do também pequeno garoto, ia em sua direção, chorando lhe perguntava o porque daquilo.
Sorrindo o garoto respondia:
"- Eu queria fazer isso. Por isso pedi o gato."
Saia andando em direção a porta.
XxX

Saiu de seus devaneios e lembranças.
Seu cigarro havia acabado. Novamente esticou o braço e percebeu que a poça de sangue o havia seguido e pelo tamanho da mesma, percebeu também o quanto até as pequenas lembranças podiam prende-lo por longos momentos.

Lembrou-se agora da primeira garota com a qual havia se envolvido.

Como era doce.... e ao mesmo tempo obscura. Trazia o mistério mais profundo e louco que alguem poderia carregar.
Dizia as coisas mais estranhas para uma garota ou para qualquer pessoa dizer...
Era sociopata, era anti-social, tinha milhares de transtornos.... e carregava nada além de 16 anos.
Tinha os olhos do azul mais bonito que ele ja havia visto.
XxX

Pausou os pensamentos. Tragou o cigarro e sorriu.  Havia lembrado-se da cor do céu.

Voltou:
Ela tinha o cabelo do mais negro tom. Lembrou-se então da vigésima sétima noite que passaram juntos.
Não haviam se beijado nem uma vez, embora em diversos momentos paravam com os lábios à mínimos centímetros de distância.


Era uma noite chuvosa. E marcaram de se encontrar debaixo da árvore seca no cemitério.
Ao se encontrarem permaneceram com a mesma expressão, sentaram-se um de costas para o outro. Tovacam-se com a ponta dos dedos.


Lembravam-se do dia que haviam se conhecido... de como haviam se odiado por alguns segundos e após mergulharem no fundo do olhar do outro, haviam sentido algo estranho, que ambos definiram como  a descoberta de si mesmos.
Não sorriram. Apenas aproximaram-se e passaram a andar lado a lado.


Riam no vigésimo sétimo encontro. Deitados juntos na cama dela.  trocando crucifixos e tentando decidir quais iriam pendurar em seus pescoços para aquela noite.


Tomaram vinho.  E se encararam novamente para descobrirem um pouco mais sobre eles. E como um movimento que não fizesse parte de seus corpos, uniram os lábios num beijo que parecia até ser meio violento.


Após alguns segundos ela sorriu daquele jeito doce que conseguir expor somente para ele  e disse:
"- Bom... agora sabemos como somos hoje".
Ela inclinou-se e ele rapidamente tratou de capiturar-lhe os lábios e apertar-lhe um dos seios.


Com os lábios grudado aos dela, dessa vez ele sorriu. E como  se tivessem pressa, trataram de arrancar as roupas um do outro e unir também  todas as outras partes de seus corpos...
Ambos extremamente frios....
Sentiram as sensações mais entranhas. E ao fim daquilo, nús se olharam mais uma vez e juntos disseram que se amavam.
XxX

Voltou-se mais uma vez de seu devaneio. Abaixou sua calça e passou então a masturbar-se lembrando dos encontros seguintes com aquela garota.
Enlouquecia somente com as lembranças e em certos momentos deixava de movimentar-se por completo.

Parou com aquilo tudo. Fumou novamente um cigarro e ficou sentindo o vento frio pelo seu rosto.

Lembrou-se então da noite  anterior... das brigas, das discussões e de como a pele dela pode ser mais fria... de como ela sem vida ainda carregava a beleza mais forte que ele ja havia visto. De como o sangue dela escorrendo pelo seu corpo era nostálgico...
E de como matar aquela pessoa, que foi a única à qual pode amar, fez com que ele se sentisse mais forte e ao mesmo tempo mais fraco.

Foram exatos 27 dias após dez anos juntos. Ele olhou para ela rodopiando com seu longo vestido negro. Lembrou-se do seu pequeno gato negro...
E chegou bem perto dela, encostou seu lábios frios sem seu ouvidos:
" - Está linda. Hoje ainda mais do que ontem.
Passou suas mãos por cima do seu vestido, na região dos seios daquela mulher.


Ela o encarou de um jeito estranho.
"- Sabe o que te deixaria ainda mais bela?


Ficou um silêncio no ar por alguns segundos. Ela engasgou e respondeu negativamente.


Ele passou seus braços por entre a cintura dela, segurou-a, apertou-a e levou seus lábios até os ouvidos da moça:
-" Estar ainda mais fria.


Ela conhecia aquele homem. Compartilhavam da mesma loucura mas do que qualquer outra coisa. Ela estendeu suas mãos e entregou à ele a navalha afiada a poucos minutos e ergueu o pescoço.


Ele sorriu e sentiu um amor imenso por ela.
Sabia que não eram pessoas normais.... Nem havia como essa possibilidde ser real.
Então ele forçou-a e enterrou-a no pescoço da moça, ouvindi dela um engasgo ainda mais profundo e suas unhas apertarem seu braço... seu corpo debater-se... e após alguns segundos em que ele deixava-se sentar com ela no colo ninando-a ao som da canção favorita deles, sentiu-a amolencendo em seus braços e deixou-a no canto da parede.


Ria com a semelhança entre ela e seu gato.
XxX


Mais uma vez voltou de seu devaneio. pegou novamente a navalha.
Revirou-se em pensamentos obscuros e atormentadores.... Não sentia mais as coisas como antes..
Ajoelhou-se, xingou Deus por alguns segundos e xingou-se por sua visível hipocrisia nos segundos passados.

Esticou o braço e puxou aquele corpo, já meio azulado e ainda extremamente belo ao seu ver.
Deitou-se ao lado dela, e encaixou sua navalha por entre os dedos, frios, rígidos.
Seu rosto calmo, pareceu sorrir, ao segurar a navalha.
Ele soltou-a  nas mãos dela e fechou seu olhos...

Segurando os braços dela, colocou a navalha também em seu pescoço e procurou repetir com ele da mesma maneira que havia feito.
Cortou-a. Não debateu-se com ela, apenas caiu ao seu lado e nos últimos dos seus pensamentos clichês, pos-se  a encarara aqueles olhos azuis... agora como a noite.

Sentia a loucura corroer seu corpo e a  morte abraça-lo.
Não tinha mais força, não tinha mais vontade alguma... os olhos dela fecharam-se, delicadamente e os dele permaneceram abertos até o último movimento de seu coração.

Era o fim.... era o começo...
era o sabor que a maioria tem medo de experimentar...
era o fim de Paul, bem ao lado Marry.

Era o sonho, era a nostalgia, era a última realização...
era talvez a única verdade dos dois...

O fim pode parecer cuel as vezes....  Pode também parecer a única saída para medos, angústias e o vazio das vidas...
O fim não é nada além do término de tudo... O fim é o mais vazio de todas as coisas, é o abandono, é o adeus, é a amargura... é a doçura...

O fim para ambos, seria apenas o motivo de terem nascido...
O fim para eles foi apenas a sensação de prazer mais intenso que ja puderam sentir
.... depois do vigésimo sétimo encontro...