segunda-feira, 16 de abril de 2012

Sobre valorização e diversos outros fatores


A sensação que fica é que nada mais tem valor.
Bem, nada além da lua, das árvores, do vento gélido acariciando sutilmente o rosto, do aroma do café e de todas as outras coisas simples que ninguém ou quase ninguém valoriza.

Todo o resto que tem vínculo com o ser humano perdeu o valor. Pelo menos pra mim. Pelo menos por hora.


Existe um limite que redobra todas as linhas do consciente com o inconsciente, que mistura todos os espaços do doce e do amargo, que sintetiza todos os calores e está somente para cindir e unir dentre a diversidade  e  a polaridades.

Pensava eu...
Enquanto aquele vento ríspido, parecia  penetrar por entre o tecido fino e macio de meu vestido. Enquanto também um som, sussurrava-se terno, por entre meus ouvidos. E eu podia até sentir  a intensidade e o calor mesclado com o frio dos lábios tocando-me de modo sutil os ouvidos.

Não havia ninguém comigo. Este é o ponto que quero atingir com a forma mais certa que conseguir passar. Eu permanecia sozinha, encarando aquela lua cor de cobre, que parecia me sorrir em certos momentos.
Não me sentia sozinha e ainda assim, possuía uma certeza plena de que que estava. Pois bem, até dentro da insanidade não perco a racionalidade.
E esta, é a vantagem de não possuir alguém para compor e viver dentro do seu mundo interior, não idealizar um nome, ou relembrar de um rosto ao pensar no tão complexo amor, não derramar lágrimas ao pensar em ilusão...
enfim, não ter ninguém para ocupar seus pensamentos.

E planava em pensamentos, adentrando um mundo completamente louco e completo de sensibilidades que não existem nesse mundo a que todos estamos.
Era um mundo que criei. Ou talvez o mundo que me criou.
Não sei, e nem me importo qual destas é a verdade para minha existência ínfima neste.

O que realmente me encanta, são todos os paradoxos que me perseguem dentro deste que só eu possuo. Talvez seja este, que me entrega tantas doses fortes de loucura.
E quer saber, cada dia que passa tenho precisado de doses mais fortes, companhia mais astutas e particulares, silêncios mais duráveis e palavras mais contidas.
Isto para mim e somente para mim.


Então eu pude também visualizar a contemplação inerte dos monumentos bizarros e formados que no íntimo que me compõe, são vivos e verdadeiros como qualquer outra coisa que já foi montada e transportada à essa realidade tão rude.

Talvez eu sentisse dor. Talvez sentisse prazer.
Não sei ao certo responder o que sentia naquele momento. E ainda não descobri se gosto ou não destas vozes que me dizem bem ao ouvido coisas que por mim, nunca conseguiria concluir e fundamentar por laços findados ou fixados para a existência que me ronda.

Mas aprecio e escuto atentamente cada sílaba dita, vagarosamente, deglutindo cada palavra e absorvendo cada frase. Talvez nenhuma delas tenha valor ou signifique algo, mas ainda assim penso que  se recebi, algum valor deve possuir, seja ele correto ou não.

Depois de certo tempo, adormeci. Concluí diversos sonhos, todos estranhos e cheios de obscuridade e pessoas que nunca antes vi, sussurrando palavras em uma língua que jamais escutei.
E no meio desta madrugada, senti que caía  e neste mesmo instante num repulso incrível de tão forte, assustei-me com o que ví.

Bem, este pedaço não colocarei aqui.

São somente os retalhos de uma mente que se deixa submergir na loucura.
Pois bem, como eu mesma disse : Sabedoria traz consigo sempre, um pouco de loucura. E por hora não irei abster-me de nenhum destes.
Irei me embriagar de ambos, me drogar de ambos...
E  só me permito parar quando a overdose chegar.

Talvez eu devesse ter mais medo e me limitar em  algumas rupturas que entro. Talvez devesse procurar menos.
Mas esse é um tempo de descobertas, e aqui estou eu.

Mergulhada na mais profunda insanidade.

A realidade não me cativa. Não me encanto ou me surpreendo com essas valorizações atuais. Talvez por isso cada dia que se passa eu sorrio menos, eu brinco menos, eu converso menos.
Já não dou mais valor as superficialidades humanas. E estas destroem pouco a pouco qualquer corpo e mente que perdura agrupadamente na latente suja e podre que ronda a todos nós.
Eu decidi fugir de tudo isso. E aquela sensação de afastamento por não pertencer a nada disso, fez de mim isso que hoje sou.
Sem arrependimentos que talvez devesse ter. Sem medos que talvez devesse carregar. Sem certezas que talvez devesse possuir.

A cada dia vou valorizando as coisas que são deixadas largadas ao chão. Os 'restos' que sobram. O que é visto como lixo e que para mim tem uma preciosidade imensa.
E sabe o que é mais incrível disso tudo?
Nada, absolutamente nenhuma dessas coisas me possuem. Não sou dona de nada. Não me aproprio de nada e nem ao menos almejo essa possibilidade.
Eu apenas faço uso, pelo tempo que julgo necessário. Depois posso descartar e penso que outras pessoas (se é que essas existem) podem mais tarde tomá-las para si.

Sim... neste mundo que emana um aroma tão podre. Perco-me e encontro-me nas dualidades e trívios em que despenco. Enchendo-me enquanto vou abstendo-me de matérias que vão surgindo, das manhas às noites.

Sempre....
Nunca...

Quem sabe?

E permaneço aqui, encantando-me com todas as extremidades, conhecendo todos os lados e caminhando por cada um destes.
Perco-me em pequenos fragmentos sólidos por entre esses que vos disse. E não procuro recompor-me na grande maioria das vezes.

Qual caminho percorrer?
Eu vou caminhando lentamente, por entre as dualidades até decidir o que segurar e o que largar.

Porque sou feita de dualidades. Outrora de trívios. Eu me crio e me destruo. Me faço e me refaço.
Hora fria, Hora quente. Hora hostil, hora terna. Hora adocicada, hora de presença amarga. Hora sutil, hora sensata. Hora louca, hora inerte. Hora bizarra e hora normal, dentro das minhas anormalidades.

E pode parecer confuso ou sem sentido... mas  é isso, somente isso.


: 3 Inoue Yu










Um comentário:

  1. Ao sair desse distúrbio realístico. Vejo a simplicidade e intrigante ações daquilo que mal é visto.

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