quarta-feira, 4 de junho de 2014

Quebra-cabeça


Como desdobrar o caos e fazer algo útil com a própria vida?Me diz.
...Se passaram mais de dois anos, voando tão rápido que me perdi por diversas vezes no percurso.

Será que a confusão continuará fazendo morada em mim pela eternidade?Me responde....


Duvido realmente que exista qualquer ser humano capaz de se auto-destruir tanto.De se mutilar tanto, de se torturar tanto.O tempo todo.
Qual o problema em ignorar o mundo?
Eu não sei viver de metades, já mencionei isso por milhares de vezes e no entanto, me toquei de que tudo o que sou é formado de pedaços, nada é inteiro.Absolutamente nada!

E na minha idiotice adolescente achava realmente que entendia alguma merda sobre mim mesma.Tava pouco me fodendo pro resto do mundo.Mesmo que tivesse certa revolta com toda essa tolice espalhada em todos os cantos, nunca dei a mínima.Talvez por desesperança e talvez também por preguiça.
O foda, é que eu acreditava que me conhecia, acreditava que poderia me fundir em teorias e viver disso.Respirar isso e me sentir menos infeliz dessa forma.Uma puta duma babaquice.
Eu não sou inteira em nenhum  aspecto.Sou um pouco de cada coisa, sou um resto de cada descoberta, sou uma célula de cada queda e um fragmento de cada um dos meus dias.Nada mais sou do que um ser formado por diversos pedaços, que nem se encaixam perfeitamente.
Sou um quebra-cabeças que não se forma, que não se termina, que não se completa.Grande parte das peças estão no lugar errado, e outras... nem se quer pertencem à mim.

De tudo, enxergo dualidades.De todas as coisas, me falta certeza.Pra todas as dúvidas, entrego ainda mais dúvidas e no final das contas, pra tudo respondo: " Talvez".Fico com ainda mais questionamentos.Não sei concluir nada com certeza... mesmo sabendo que todas as coisas do universo tem uma resposta.E possivelmente  só uma, eu crio milhares de possíveis caminhos pra tudo.
E se quer saber isso é uma bosta.Eu vivi por anos, uma ilusão desgraçada de mim mesma.Por anos, dizia repetidamente "Não aceito metades, quero intensidades e se não for inteiro... não quero!"
E hoje, me toco de que nada era inteiro.Eram empréstimos de alguma coisa que no fim, sempre acabava tão efêmero quando chegou.

Eu NUNCA dei espaço pras coisas permanecerem em mim por muito tempo.Nunca consegui manter um estilo de vida.Enjoava e fim.Tornava a mudar de novo.
Aí sempre acabava me matando mais uma vez, com o caos mental corroendo cada um dos meus pedaços e desmontando tudo que eu havia levado séculos pra montar.
Ali eu ficava, nua... desprotegida e frágil.E quando me levantava, nada tinha além de um punhado de dor e dúvidas.

E o que fazer com esses pedaços? Alguns tinha deixado por aí com outras pessoas.Esses, nem ao menos posso ter de volta.Doei... me doei por diversas vezes e não ganhei nada disso, além de algumas lembranças.
E essas, meus caros... na grande maioria das vezes, aparecem só pra assombrar rs
Não tenho outra saída além de curtir a derrota e quando me entediar disso, levantar.Erguer a cabeça e ir colocando os pedaços que eu conseguir em algum espaço que couber.
Já me conformei de certa forma em viver essa confusão toda.Quem vive como fração tem disso.A inconstância forma cada pedaço do corpo.E nunca existe um sim, nunca existe um não.A resposta pra tudo é sempre talvez.Até porque mesmo que eu me feche pras coisas, algum pedaço meu estará aberto pra receber alguma coisa da vida.
Amor Fati, me felicita um pouco e diminui minha dor.Me torna menos velha, menos reclamona.
E no final das contas, não existe outro caminho pra mim.Eu não sei ser diferente.Vou pegando os pedaços que caem por aí e tentando encaixar em algum lugar.O que não servir, jogo fora.

Ser uma pessoa confusa por natureza, é uma tortura diária.E eu hoje... sei que terei de aprender a viver, recolhendo meus cacos e reconstruindo-me de tempos em tempos.
Sou então, só mais um reflexo.Só pedaços amontoados e que vão se perdendo e se encontrando todos os dias.
Hoje acho isso, amanha, terei outra versão pra essa mesma história.E assim vou caminhando... sendo apenas mais um quebra-cabeça espalhado por aí.

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